
A artista capixaba Marian Rabello terá sua história contada em um documentário com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2024. Ícone das artes plásticas do Espírito Santo, Marian tem uma de suas mais importantes obras, um painel em mosaico exposto na rodovia BR 101 – onde atualmente funciona o Atacadão – tombado como patrimônio cultural material da Serra.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo está gravando um documentário para elevar e tornar a história da artista ainda mais conhecida. O filme mostrará as obras de Marian, bem como curiosidades, lutas e vitórias.
Marian Rabello faleceu aos 92 anos, no dia 31 de dezembro de 2023, deixando uma herança cultural para a Serra: o histórico painel no muro da antiga fábrica de madeiras Atlantic Veneer, localizado em Colina de Laranjeiras, às margens da BR 101.
Confeccionada em azulejos, a obra data de 1968 e foi declarada patrimônio cultural material do município da Serra pela lei municipal 5.644/2022, uma iniciativa do vereador Paulinho do Churrasquinho, que propôs o projeto de lei com o objetivo de preservar a obra.
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A muralista também é conhecida por várias outras obras no Espírito Santo. Entre elas estão o quadro ‘Romaria Noturna dos Homens’, de 1975, exposto no corredor da Capela do Santuário do Convento da Penha, em Vila Velha, e a obra de 1979 intitulada ‘Via Sacra’, em Nova Venécia, que retrata os últimos momentos de Cristo em sua vida material em painéis de azulejo.
O documentário está sendo produzido pelos pesquisadores Aparecido José Cirillo, Ciliani Celante e Marcela Belo do LEENA/UFES, Laboratório de Pesquisa e Extensão em Arte Pública, e as gravações começaram este mês.
“Esse registro será a conclusão de um trabalho de resgate do legado dessa artista, iniciado em 2014, quando lançamos o livro ‘Marian Rabello e os Azulejos Murais’, comandado por Celante, Bello e Cirilo. Além do aspecto acadêmico e formal da composição artística de Marian, o documentário pretende dialogar, acima de tudo, com a mulher, de uma forma leve e objetiva”, explica Aparecido José Cirillo, coordenador da pós-graduação em Arte da UFES e do LEENA.
Cirilo destaca que Marian era ousada e contrariava os desígnios reservados a ela em um tempo em que ser artista não era uma opção para a mulher. “Com previsão de lançamento ainda neste semestre, o documentário sobre Marian Rabello nos convida a revisitar a obra, entender o legado e abraçar a mulher”, afirma.
Em maio de 2023, Marian Rabelo foi homenageada durante uma exposição no Salão Mar, onde várias de suas obras foram expostas.

“Ali eu expressei minha primeira gratidão a essa mulher e amiga que sempre me prometia um sapato que nunca veio. À medida que a conhecia, mais admirava seu trabalho. Essa admiração possibilitou o reconhecimento de sua trajetória e de me transformar em um amigo. Marian pode ser reconhecida em vida com o livro que fizemos sobre ela: ‘Marian Rabello e os Azulejos Murais’. No lançamento, no Maes, a mulher vibrante, de maquiagem e batom vermelho estava lá. Viva e renovada. Me orgulho muito de ter eternizado a obra dessa artista e amiga que agora virou um ponto de luz no céu estrelado”, relembra.
Para a pesquisadora Ciliani Celante, Marian Rabello conseguiu, com muita sutileza, somar representativamente ao seu tempo, produzindo obras que refletem direções poéticas expressando sua liberdade compositiva num pitoresco brincar com o jogo de cores, linhas e formas, muitas vezes sobre o desafio de encomendas temáticas.

