Por Bruno Lyra
Não será nenhuma surpresa se a Eco 101 deixar a concessão da BR 101 e ainda levar uma gorda multa pela quebra do contrato, apesar da empresa também não ter cumprido aquilo que assinou. Assim como não surpreende o brado supostamente indignado de lideranças políticas capixabas pedindo a saída do consórcio numa semana de forte comoção, após mais uma carnificina protagonizada pelo trinômio falta de duplicação, falta de fiscalização/punição, transporte de rochas.
Nas lideranças políticas, sobra discurso e falta atitude. Antes da desgraça com o ônibus dos dançarinos/ativistas culturais de Domingos Martins no domingo (10) e com o ônibus da Águia Branca em junho, já havia vencido o prazo para a entrega do 1º lote de duplicações – incluindo os trecho entre Chapada Grande na Serra e a sede de Fundão e também no desastre de Guarapari com seus 23 mortos, o maior da história do Estado.
E o que as lideranças políticas fizeram até então, além de reuniões e mais reuniões com a Eco e com a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT)? Nada. Todos estavam vendo que a Eco não havia sequer iniciado as obras de duplicação da maioria desses trechos.
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O pedágio aumentou em mais de 40% desde maio de 2014. Ao admitir que não cumpriria o contrato, mas sem cogitar a suspensão da cobrança da tarifa, a Eco deu um tapa histórico na cara dos capixabas, numa rodovia que já contabiliza mais de 120 mortes só em 2017.
No acidente com o ônibus dos dançarinos, há relatos de motoristas que tiveram que voltar pela pista e pagar o pedágio de novo para acessar algum desvio. O cúmulo da cara de pau.
Que talvez só tenha par na afirmação do presidente do Sindirochas, Tales Machado, ao culpar a falta de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal pela tragédia de domingo. Ora, se o setor de rochas não assumir sua responsabilidade, novas mortes virão. Como se já não bastassem os passivos ambientais e sociais gerados pela mineração/beneficiamento de rochas no Espírito Santo.

