Paraplégico ganha o mar com sua prancha

Compartilhe:
Carlos Kill ganhou no último final de semana o Campeonato Nacional de Surf Adaptado, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

Por Ayanne Karoline

Carlos Kill ganhou no último final de semana o Campeonato Nacional de Surf Adaptado, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação
Carlos Kill ganhou no último final de semana o Campeonato Nacional de Surf Adaptado, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

No último fim de semana, um serrano, representando o Espírito Santo, foi campeão de surf em um torneio inédito realizado no Rio de Janeiro. Seria normal para um atleta que se dedica aos treinos, como Carlos Kiill, não fosse o fato de ele não movimentar nada da cintura para baixo. Mesmo paraplégico, o surfista superou um trauma e venceu com a ajuda da Moulin Surf School, projeto que acontece nas águas de Jacaraípe.

O coordenador e fundador da escolinha, Juliano Boechat Moulin, foi quem levou Carlos à cidade carioca e o ajudou a conquistar o primeiro Campeonato Nacional de Surf Adaptado, realizado pela ong AdaptSurf. Carlos, que é morador de Cariacica, foi campeão na categoria AS1 – para pessoas que sofreram lesão medular (paraplégicos). Ele também faturou o 5º lugar na categoria Open, que reúne todas as categorias.

Até chegar ao título, a trajetória não foi fácil para Carlos. A paixão pelo surf lhe trouxe uma triste surpresa. Foi correndo atrás de mais um dia de mar, que ele e alguns amigos sofreram um acidente de carro na Rodovia do Contorno, a caminho de Jacaraípe. O condutor e amigo de Carlos morreu na hora. Já ele, arremessado contra um barranco, ficou paraplégico. “Eu nunca desisti. Não importa a maneira que vou estar em cima de uma prancha, mas estarei no mar enquanto Deus me der forças nos braços”, afirma.

Atualmente com 33 anos, Carlos mora com a esposa e próximo à família. Tem total apoio para praticar o esporte que lhe trouxe a alegria de viver novamente. Em casa, faz exercícios funcionais para manter o físico. No fim de semana, seu destino é a praia de Solemar, em Jacaraípe. Com uma prancha adaptada por ele mesmo, o único surfista cadeirante do Espírito Santo passa horas surfando em sua segunda casa, como ele mesmo diz. “Vivo para o surf e surfo para viver”.

Em 2015 mais oportunidade para crianças especiais

A história de superação de Carlos se cruza com a iniciativa de Juliano. Já que o atleta viu no projeto um novo fôlego de vida. Formado em Educação Física, o coordenador da escolinha trabalha desde 2010 com cerca de 100 crianças da comunidade de Jacaraípe e adjacências, com idade de 7 a 17 anos. O projeto “Na Onda do Futuro”, apoiado pela Rede Alsa, dá aulas gratuitas e forma cidadãos surfistas.

Para participar, a criança precisa estar estudando e apresentar comprovante de renda ou o cartão do Bolsa Família. Para surfar é necessário tirar boas notas na escola. “Acompanhamos os estudos deles, se não têm boas notas, continuam na escolinha, mas sem cair no mar. É um incentivo e tem dado muito certo!”, comemora Juliano.

Em 2015, o objetivo da escolinha é atender crianças especiais, como o campeão Carlos. Juliano já trabalhou com um grupo especial em 2006, em um projeto apoiado pela Pestalozzi de Jacaraípe. “Queremos trabalhar com a inclusão dessas crianças e mostrar que o mar pode ser uma terapia valiosa para a vida”, diz.

Contato com a Moulin Surf School pelo telefone 3052-3076.

Quer receber notícias diretamente no seu email? Preencha abaixo!

Sua inscrição não pôde ser concluída. Tente novamente.
Enviamos um e-mail para você. Se não aparecer na caixa de entrada, dá uma olhadinha no spam.

Notícias da Serra/ES no seu email

Resumo diário, gratuito e direto no seu e-mail:

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

Leia também