Onde a chuva dói mais – Leia o editorial do Tempo Novo

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Alagamento em Vista da Serra II em novembro de 2019. Foto: Divulgação/Arquivo
  • Por Bruno Lyra

Comparada à situação dos municípios vizinhos, a Serra não tinha passado por grandes problemas com as chuvas das últimas semanas. Até que na sexta-feira (22), a chuva desabou com intensidade no município e, além de prejuízo e sofrimento para muitas pessoas, trouxe lições.

Alguns locais da cidade, onde houveram intervenções de infraestrutura de drenagem, reagiram bem. Caso da Avenida Central de Laranjeiras, a Grande Jacaraípe e Nova Almeida. Outros evidenciaram a fragilidade diante de fenômenos que tendem a ser mais intensos à medida que se agravam as consequências das mudanças climáticas.

Caso do trecho da BR-101 entre Laranjeiras e Limoeiro, na altura de José de Anchieta. Por conta do alagamento, foram horas de trânsito parado. Impacto não só local, mas nacional, uma vez que a via é rota do tráfego rodoviário no litoral do país.

Seu substituto, o Contorno do Mestre Álvaro, que está em obras, passará numa região baixa que ficou inundada, com água invadindo o aterro onde será implantada a pista. Um desafio e tanto será impedir que o tráfego não seja interrompido por lá em razão das chuvas bravas. Da mesma forma, será preciso impedir que o Contorno do Mestre vire dique a piorar os alagamentos em empresas e bairros nas baixadas do entorno da famosa montanha serrana.

Outro ponto crítico foi Vista da Serra e Planalto Serrano, na região da Sede. Anabolizado pelo rompimento de uma represa (outro item a se cuidar) aos pés do Mestre Álvaro, o córrego Dr. Róbson invadiu casas e comércios. Há de se lembrar que o córrego foi canalizado e, sobre ele, implantada uma rua em 2009. Obra feita pela Prefeitura da Serra e aprovada pela comunidade na época.

A rodovia Norte-Sul em frente ao trevo de Colina de Laranjeiras também alagou e impediu o trânsito. Ruas em Jardim Limoeiro também ficaram sob as águas. Curioso notar que são locais altos, o que escancara as deficiências na drenagem.

Mais uma vez – tirando uma exceção ou outra –, os que mais sofreram foram as pessoas de baixa renda, cuja condição socioeconômica as empurrou para locais duvidosos, como beira de córregos e várzeas. Esses locais deveriam ser de preservação permanente, como diz a lei.

As águas de enchentes se misturaram ao esgoto, retrato da deficiência crônica do saneamento e fato que pode ter consequências a curto prazo na saúde. Doenças como leptospirose, hepatite e desinteria se propagam assim. Muita atenção também com a dengue e outras transmitidas pelo Aedes aegypti nas próximas semanas. Tem muita água para mosquito se reproduzir.

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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