Durante a sessão ordinária desta terça-feira (2), os deputados Fábio Duarte (Rede) e Alexandre Xambinho fizeram uso da palavra para lamentar o falecimento do jornalista e historiador Maurilen de Paulo Cruz, ocorrido em 22 de novembro. Ele foi sepultado no dia 02, no cemitério São Domingos, na Serra.
Fábio Duarte lembrou que Mauri, como era conhecido, foi um dos fundadores do Jornal Tempo Novo e que trabalhou em outros veículos de imprensa. O parlamentar solicitou um minuto de silêncio pelo falecimento do jornalista. “Dedicou a vida à cultura capixaba, além de revisor. É autor do livro “Faça-se Aracruz”. Em seus 73 anos foi incentivador de centenas de escritores do Espírito Santo. Deixa um imenso legado de generosidade e ativismo cultural em Aracruz e na Serra”, lembrou.
Já Alexandre Xambinho lembrou do grande jornalista que foi, fundador do Jornal Tempo Novo, e lembrou uma passagem com Mauri de quem foi vizinho em Barcelona. “Marcou minha infância e assim, que foi quando a casa dele pegou fogo e nós juntamos os vizinhos, apagamos o fogo lá, com o incêndio que aconteceu na casa dele, inclusive meu pai ajudou muito e tem uma relação de amizade muito grande, meu pai, minha mãe, as nossas famílias. Ele vai deixar muitas saudades; é uma pessoa que faz parte do desenvolvimento da Serra, do crescimento da Serra, que contribuiu muito com sua atuação jornalística para o desenvolvimento da cidade da Serra. A idealização, a fundação do Jornal Tempo Novo que é uma referência para a cidade da Serra e para o Estado de Espírito Santo”, frisou.
Natural de Aracruz, o jornalista Maurilen de Paulo Cruz se tornou uma referência no segmento de comunicação no Espírito Santo, atuando em diversos jornais e sendo um dos idealizadores do TEMPO NOVO. Ele também foi pesquisador, escritor, autor do livro “Faça-se Aracruz” e teve presença marcante na cultura capixaba. Seu legado fica como referência para a história capixaba.
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As próximas gerações podem utilizar a obra do historiador e jornalista para entender populações, povoamentos, nome de logradouros, crescimento urbano e narrativas da história capixaba. Em Aracruz, ele foi secretário municipal de Comunicação, no primeiro mandato do ex-prefeito Ademar Devens.
Obra:
Faça-se Aracruz! (1997) — é uma obra de referência para a história do município de Aracruz. Ele assina matérias históricas para sites e blogs dedicados à memória do Espírito Santo. Por exemplo, no portal Morro do Moreno há artigos escritos por ele, como “Vila do Riacho — Por Maurilen de Paulo Cruz”, que contam a origem de localidades, povoamentos e aspectos históricos da região. Também aparece como autor nas notas e reportagens culturais: por exemplo, divulgando eventos de literatura ou cultura popular no município da Serra. O livro é usado como base para estudos sobre a história de Aracruz — desde a ocupação, os povos indígenas, colonização, até a urbanização e os caminhos de desenvolvimento da cidade.
Quem é Maurilen na vida do Tempo Novo? Por Eci Scardini
“Esta história começa em meados de 1983, em Laranjeiras, dentro de uma pizzaria da qual Gerereu era um dos donos. Maurilen era magro, alto, cabelo estilo Harlem Globetrotters (famoso time de basquete americano nos anos de 1970) e voz estridente. Era a primeira vez que aparecia no local.
Ele pediu um misto quente e na sequência abordou Gerereu perguntando se ‘você é de Nova Venécia?’. Gerereu respondeu que não, mas falou que era irmão do ‘Baianinho’ (Ermi Scardini).
Maurilen relatou que teria ido a Nova Venécia ministrar um curso de iniciação ao jornalismo, para um grupo de jovens abnegados da cidade, que sonhavam em abrir um jornal e entre eles estava o Baianinho. Eles fundaram o Alto Falante, que por mais de uma década foi a voz do povo veneziano.
Quando Maurilen narrou o fato, Gerereu teve o que a psicologia chama de insight (uma ideia rápida e brilhante) e de imediato falou: ‘tá aí, vou abrir um jornal aqui na Serra’.
Foi como se uma luz se ascendesse na mente de Maurilen que retrucou: ‘tá aí, eu te ajudo’.
E assim aconteceu! Uma amizade recíproca, sincera, desprovida de interesses que; mesmo estando sendo pouco exercida, um sabia onde encontrar o outro e sabia que podia contar um com o outro.
Maurilen com a sua retidão jornalística, amor e respeito pela profissão, foi o grande mentor jornalístico do Jornal Tempo Novo.
A ele toda a nossa gratidão”.

