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Nós, o Tubarão e a água

Por Yuri Scardini

Nesta semana o Governo do Estado inaugurou o sistema de abastecimento de água Reis Magos, que vai captar cerca de 500 litros de água por segundo, e tem a intenção de abastecer 150 mil pessoas entre as regiões de Serra-Sede e Civit. É um passo importante rumo à superação do fantasma da insegurança hídrica, mas ainda há um grande caminho a ser percorrido. 

 O volume de água que se pretende captar é um quinto da quantidade captada no Rio Santa Maria, que além de abastecer a Serra, vai para a parte continental de Vitória, trecho de Cariacica no Contorno e o Complexo de Tubarão. E está ai um dos grandes desafios. Abastecer as empresas Vale e ArcelorMittal, que são estratégicas na economia capixaba,  num contexto de quebra no ciclo hidrológico de chuva, aumento populacional e baixa vazão e retenção de água nos rios.

Especialmente a ArcelorMittal, que está fisicamente na Serra, é a maior consumidora individual de água no município. Segundo dados passados, a empresa consumia 1.000 litros por segundo de água. Mas em 2015, diante do cenário de seca, informação era que a empresa estava captando 600 litros por segundo.

Para se ter uma ideia, mesmo se a Arcelor manter este nível de captação no Santa Maria, esta quantidade de água é mais do que a totalidade que o Estado pretende com o sistema de Reis Magos. Água doce está virando bem de luxo. Ainda mais num estado que vive desertificação.  Grandes consumidoras como Vale, Arcelor e Fibria terão que investir em novas tecnologias e apresentar soluções para a sociedade, e cada vez mais o uso de água doce em atividades industriais deverá ficar restrito e vigiado.

As empresas do Complexo de Tubarão vêm falando sobre a utilização em escala de água de reuso, mas até agora nada de concreto, enquanto isso, o Estado investe R$ 70 milhões de dinheiro público para captar 500 litros por segundo, num manancial pequeno e de eficiência questionável, e indiretamente exime as empresas de parte da responsabilidade sobre a insegurança hídrica no município. E esse problema todo de falta de água, fica mais perigoso ainda, quando observado sob a macro perspectiva, aí a conversa fica bem mais graúda.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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