
O mundo da arte e da fotografia perdeu um de seus maiores expoentes nesta sexta-feira (23). O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado faleceu em Paris, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental fundada por ele e por sua esposa e parceira de vida e projetos, Lélia Wanick Salgado.
A causa da morte não foi divulgada oficialmente, mas fontes próximas ao fotógrafo indicam que ele enfrentava problemas de saúde relacionados a uma malária contraída na década de 1990.
Em abril, o Jornal Tempo Novo esteve presente na exposição “Amazónia” realizada no Museu de Antropologia localizado na Cidade do México, capital mexicana. Confira abaixo registros.
O fotógrafo
Nascido em Aimorés, no interior de Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944, Salgado iniciou sua trajetória como economista, formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com mestrado e doutorado pela Universidade de Paris. Sua virada para a fotografia viria apenas na década de 1970, quando abandonou a carreira na economia para dedicar-se integralmente à arte de registrar o mundo através das lentes.
Sebastião Salgado rapidamente se consolidou como um dos maiores fotojornalistas do século XX e início do XXI. Seus ensaios fotográficos percorreram mais de 120 países, sempre com foco nas questões sociais, humanitárias e ambientais. Obras como “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis” tornaram-se marcos na história da fotografia documental, retratando com sensibilidade e profundidade a vida de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade, além da beleza selvagem e ameaçada da natureza.
Mas Salgado não foi apenas um cronista visual da humanidade. Em 1998, junto com Lélia, criou o Instituto Terra, com o objetivo de recuperar áreas degradadas da Mata Atlântica na região do Vale do Rio Doce, também em Minas Gerais. A iniciativa, que começou com o reflorestamento da fazenda da família, tornou-se um símbolo de resiliência ambiental. Desde então, mais de dois milhões de árvores foram plantadas, transformando um território devastado em uma reserva de biodiversidade.
Ao longo de sua carreira, Salgado recebeu inúmeros prêmios e homenagens. Entre os mais importantes estão o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, o W. Eugene Smith Memorial Fund, e, em 2016, sua eleição para a Academia de Belas Artes da França, tornando-se o primeiro brasileiro a fazer parte da prestigiada instituição.