Moradores denunciam excesso de lixo nas margens do rio Jacaraípe, na Serra

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rio Jacaraípe Serra
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O problema sempre aconteceu nas margens do rio Jacaraípe, na Serra, mas de acordo com moradores piorou nos últimos oito meses. Crédito: Divulgação

Lixo de todo o tipo, incluindo móveis, geladeira e até animais mortos, estão contaminando as margens do rio de Jacaraípe, conforme denúncias de moradores do bairro Parque Jacaraípe. A comunidade exige medidas urgentes de limpeza e maior fiscalização para preservar o ecossistema.

De acordo com Jerusa Cometti, que mora próximo ao rio há 54 anos, além do lixo que é descartado, as águas estão com muito mau cheiro e com coloração esverdeada. “Quando a maré está baixa, principalmente pela manhã, vem o lixo e com ele o mau cheiro e a coloração da água, a maré vai enchendo tampa o lixo, a água clareia e o cheiro forte, de amônia, principalmente prevalece”, denuncia a moradora.

O rio Jacaraípe é formado pelas águas também poluídas das lagoas Juara e Jacuném. “Tem muito plástico no entorno, se for andando da ponte até lá na lagoa, é lotado de lixo e plástico pendurado, que pode acabar acumulando água e pode provocar dengue”.

Jerusa conversou com o Tempo Novo e reforçou que o mau cheiro tem sido insuportável e aumentou há cerca de oito meses. “Falta fiscalização dos órgãos competentes. O mau cheiro atrapalha até a comer e tem deixado algumas pessoas passando mal. Muito esgoto é lançado no rio, o que tem feito com o que o rio fique cada vez mais poluído e sem vida. Não temos mais peixes, nem passarinho se vê mais direito. Siri até dava para pegar até um tempo atrás, mas nem isso hoje dá mais”.

A reportagem procurou a Prefeitura da Serra para falar sobre o assunto. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Serviços (Sese) disse que vai enviar uma equipe ao local para realizar a limpeza do rio.

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Dragagem e alargamento para evitar enchentes

Vale lembrar que em 2014, o manancial passou por dragagem e alargamento, logo após a histórica enchente de dezembro de 2013. Enchente que deixou centenas de desabrigados e foi considerada a maior já registrada na região.

O objetivo das obras, que além de aprofundar e alargar o canal para até 30 metros em diversos pontos foi evitar que o cenário de 2013 voltasse a se repetir. E desde então a região não sofreu mais alagamentos daquela proporção.

Se os efeitos positivos da dragagem do rio Jacaraípe se fizeram sentir pelas comunidades que sofriam com as inundações, os negativos também foram significativos. Um deles foi a destruição de boa parte do manguezal e matas ciliares.

Na ocasião da obra, pouco mais de 6 hectares entre mangues e florestas ciliares foram retirados para fazer as etapas anteriores da obra.

Outro impacto ambiental expressivo foi na lagoa Juara. É que o alargamento e aprofundamento do canal do rio permitiu que maior quantidade de água do mar chegasse à lagoa, que ficou mais salgada.

Visualmente é possível perceber isso com a morte dos taboais, conjunto de vegetação típica de lagoas e alagados em que predomina uma planta de folha comprida e fina conhecida como taboa. A espécie não suporta o sal.

O rio Jacaraípe é um canal natural com cerca de 10 km que liga a lagoa Juara ao mar. E também recebe, através de outro canal natural, as águas da lagoa Jacuném. Todo esse complexo forma a bacia hidrográfica do rio Jacaraípe, que termina seu curso na Praça Encontro das Águas. É uma bacia que está 100% no território da Serra.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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