
A violência crescente na cidade fez com que uma moradora da Serra decidisse tomar uma medida radical: criar um leão dentro da própria casa. O objetivo? Ter um animal grande, feroz e intimidante o suficiente para assustar qualquer criminoso que ousasse invadir sua residência. Mas calma: apesar de essa história ser absolutamente verdadeira, ela não aconteceu agora em 2025. O caso inusitado ocorreu em 1992.
O episódio foi registrado no bairro de Fátima e ganhou repercussão na imprensa capixaba, com direito a reportagem exibida pela TVE Espírito Santo. Nesta matéria, o Jornal Tempo Novo relembra essa história curiosa que virou notícia e até hoje surpreende quem escuta.
O vídeo original, obtido pelo jornal junto à Midiateca Capixaba, mostra o repórter relatando o clima de medo que tomava conta do bairro naquela época:
“O Bairro de Fátima se tornou um lugar insuportável para morar. A violência e os assaltantes tomaram conta da região. Os moradores se sentem inseguros a cada dia. A criação de cachorros no bairro aumentou. Eles são verdadeiros vigias. Mas Dona Maria Augusta, que não quer ver sua casa assaltada por ladrões, decidiu criar um animal mais feroz.”
O leão, chamado Platoon, vivia nos fundos da residência. Na época da gravação, tinha apenas quatro meses. Era desajeitado e aparentava mansidão, mas de vez em quando deixava transparecer seus instintos selvagens.
Para alimentar o “vigia”, Dona Maria Augusta oferecia diariamente cinco quilos de ração e carne – mas sempre cozida, pois, segundo ela, o leão não deveria conhecer o gosto de sangue. A esperança era que, adulto, o animal se tornasse um protetor assustador.
O que aconteceu com o leão criado dentro de casa na Serra?
Questionada sobre o espaço limitado da casa, a moradora admitiu que talvez não conseguisse manter o leão por muito tempo. Ainda assim, dizia que ele estava se acostumando com ela e poderia permanecer morando ali.
A reportagem da época não trouxe detalhes sobre a origem do filhote, tampouco há registros oficiais indicando quanto tempo Platoon ficou na residência ou qual foi seu destino.
Criar leão dentro de casa é crime ambiental
Vale lembrar que, em 1992, as leis ambientais e de proteção à fauna silvestre eram menos rígidas. Hoje, a situação seria completamente diferente: criar um leão em casa, sem autorização dos órgãos ambientais competentes, poderia resultar em autuação por crime ambiental, multa que pode ultrapassar dezenas de milhares de reais e até prisão, conforme a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). Além disso, o animal seria apreendido imediatamente e levado para um centro especializado em manejo de fauna.
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Violência na Serra
A reportagem também recorda que, não muito tempo atrás, a Serra figurava entre as cidades mais violentas do Brasil. Durante anos, seus moradores viveram praticamente sitiados pelo avanço do crime, que parecia incontrolável. Em 2009, o município chegou a registrar o maior número absoluto de assassinatos no país, tornando-se símbolo de uma crise de segurança pública que impactava toda a Grande Vitória.
De lá para cá, esse cenário passou por transformações expressivas. Embora furtos, roubos e homicídios ainda ocorram, a violência vem caindo de forma consistente, acompanhando uma tendência estadual de redução dos índices criminais.
Hoje, a Serra já não lidera as estatísticas de mortes nem mesmo dentro do Espírito Santo, refletindo a combinação de políticas públicas de segurança, investimentos em tecnologia policial e mudanças sociais que, ao longo do tempo, começaram a alterar o quadro de insegurança que marcou época.

