Pelo menos na perspectiva do Orçamento Público, não pairam dúvidas sobre o ciclo exitoso que a Serra vive nos últimos anos. Em um intervalo de dez anos, a Prefeitura conseguiu aumentar sua arrecadação em 230%, traduzindo o dinamismo econômico da cidade em mais recursos para serem aplicados diretamente na vida da população.
A coluna compilou dados publicados pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo, com início em 2016 e projeção até 2026, com base na previsão estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) — cuja minuta já está praticamente finalizada e prevê uma receita de R$ 3,4 bilhões para o ano que vem.
A análise considera também os dados apresentados na audiência pública realizada há algumas semanas, etapa que integra o processo de elaboração da LDO, responsável por estabelecer as metas de arrecadação e as prioridades de investimento, com ênfase em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Outro destaque foi o sucesso da consulta pública, aberta desde março, que recebeu mais de 300 contribuições da população, apontando as demandas mais urgentes da cidade. A consulta, realizada de forma digital, revelou que o eixo “Saúde” foi o mais votado, seguido por Educação, Segurança Pública, Bem-Estar Animal, Proteção Social e Mobilidade Urbana.
Pode parecer um tema técnico ou distante, mas a coluna sempre faz questão de reforçar a importância do planejamento orçamentário. É por meio dele que são viabilizadas ações essenciais da Prefeitura — como os recursos para educar e alimentar quase 80 mil alunos da rede municipal, ou garantir os mais de 600 mil atendimentos anuais nas UPAs da Serra, além de tantas outras obras, serviços e políticas públicas sob responsabilidade do município.
A LDO também leva em consideração riscos macroeconômicos e políticas governamentais, como a reforma tributária e a possível redução da alíquota do Imposto de Renda, medidas que impactam diretamente na arrecadação do município. Desde 2024, a Serra ultrapassou a marca histórica de R$ 3 bilhões em arrecadação anual, um fato inédito.
Essa receita é composta por diversas fontes, como a cota-parte do ICMS (maior fonte de arrecadação), além de ISS, IPTU, ITBI, repasses estaduais e federais, convênios, operações de crédito, entre outros.
A expectativa é de que a LDO seja enviada à Câmara de Vereadores nos próximos dias, para apreciação dos parlamentares. Assim que for validada, o município se prepara para a elaboração do Orçamento de 2026, este sim apontando, de forma objetiva, onde os recursos públicos serão aplicados, com base nas diretrizes já definidas pela LDO.
Todo o rito já é bem conhecido, mas salta aos olhos o crescimento do Orçamento Público da Serra. Abaixo, seguem alguns dados:
Crescimento da Receita Arrecadada
- Crescimento nos últimos 10 anos (2016 → 2026): +231,07%
- Crescimento nos últimos 5 anos (2021 → 2026): +95,98%
- Maior crescimento percentual de um ano para outro: +25,82% de 2022 para 2023
Por mais que haja certo desgaste político em torno das quase três décadas de protagonismo dos ex-prefeitos Sergio Vidigal e Audifax Barcelos, é absolutamente notável que a Serra se tornou um exemplo de equilíbrio fiscal no Brasil. Apenas neste recorte de 10 anos — que compreende o terceiro mandato de Audifax e o quarto de Vidigal — os dados de arrecadação são excepcionais.
Na gestão Audifax Barcelos (2017–2020), houve um aumento de 48,21% na receita arrecadada. Já na gestão Sergio Vidigal (2021–2024), o crescimento foi ainda mais expressivo: 76,44%.
Com população crescente desde a década de 1960, quando a Serra passou de economia agrária para uma cidade de vocação urbana e industrial, o orçamento municipal passou a ser uma questão crítica. O aumento populacional foi abrupto e colapsou diversas áreas da cidade, provocando uma crise fiscal. A partir de 1997, foram feitos grandes esforços para equilibrar orçamento e demanda, o que passou, necessariamente, pela profissionalização da gestão pública e pelo fortalecimento do planejamento estratégico.
Apesar do avanço, a Serra segue sendo, proporcionalmente, uma das cidades com menos recursos disponíveis por habitante. Mesmo com uma previsão de R$ 3,4 bilhões para 2025, quando analisado o orçamento per capita, o município cai para as últimas posições no Espírito Santo — justamente por ter a maior população entre as cidades capixabas.
No entanto, o crescimento da arrecadação garante que essa enorme estrutura urbana continue avançando no atendimento das demandas, sustentando obras, serviços e políticas públicas essenciais para a vida de quem vive na Serra.