Latrina de Tubarão não!

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Bruno Lyra 

Os moradores de Pitanga pediram ajuda ao Ministério Público para tentar impedir que a área de uma pedreira abandonada seja o destino dos rejeitos que a Vale vai ter que tirar da Praia de Camburi. O local fica aos pés do Mestre Álvaro e perto da nascente do Canal dos Escravos. Os moradores também temem por um eventual estouro dessa barragem de rejeitos, tal como aconteceu em Mariana, MG.

Difícil dizer se tal tese é exagerada ou não. O fato é que tem sobrado para a Serra muitos ônus da siderurgia em Tubarão. Foi a cidade que teve o crescimento mais acelerado quando a Vale resolveu por suas usinas ali. Desde então se tornou o lugar mais violento do ES. Os impostos das usinas da Vale e dos portos de Praia Mole e Tubarão vão todos para Vitória. E ainda tem que dividir os tributos da ArcelorMittal Tubarão com a Capital.

A Serra paga R$ 1,1 milhão todo ano para a Vale manter um projeto social na cidade, a Estação Conhecimento. Será que a mineradora multinacional e multimilionária não poderia fazê-lo sem dinheiro do contribuinte serrano?

Até o IPTU do clube Aert, cujo endereço consta como Bairro de Fátima, está na Justiça porque Vitória reivindica a arrecadação. Detalhe que todos os acessos ferroviários e rodoviários de veículos pesados para Vale e Arcelor são pela Serra. O munícipe serrano tem que custear, por exemplo, a manutenção das vias públicas desse fluxo.

Resíduos industriais das duas empresas vem para o aterro da Vitória Ambiental, localizado em Putiri, zona rural entre o rio Reis Magos e a lagoa Juara. Mais recentemente, os resíduos conhecidos como escória foram jogados nos alagados do Mestre Álvaro para implantação de novo trecho da BR 101 (Contorno do Mestre Álvaro). A ação foi embargada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).

A mesma escória que já havia sido usada em área alagadas para expansão do Polo Industrial Piracema, também nos alagados do Mestre Álvaro. Em maio o secretário de Meio Ambiente do ES, Aladim Cerqueira, chegou a afirmar em audiência pública na Câmara da Serra que escória não pode ser jogada em locais com contato freqüente com a água por risco de contaminação. É compreensível que os serranos não queiram que sua cidade siga como latrina de Tubarão.

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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