
O Japão suspendeu temporariamente as compras de carne de aves produzidas no Espírito Santo. A decisão foi tomada um dia após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) registrar, na Serra, o 1° caso de H5N1 em aves de criação para subsistência – ou seja, consumo próprio – nesta terça-feira (27).
Conforme informado com exclusividade pelo Jornal Tempo Novo na tarde de ontem, o novo caso de gripe aviária registrado na Serra se trata de um ganso, que estava em uma fazenda que cria também pato, marreco e galinha.
A comercialização com os demais estados continua normalmente. Até a tarde desta quarta-feira (28), o Brasil não registrou nenhum caso em aves de criação comercial.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Japão já não importava produtos do Espírito Santo antes do caso.
Leia também
Ainda assim, o país é um dos que mais compra carne de aves produzidas no Brasil, representando 11% do total vendido para fora em 2022, aponta o Comex Stat, portal de estatísticas de comércio exterior brasileiro. Ele perde para a China (15) e empata com os Emirados Árabes Unidos.
Já o Espírito Santo representa apenas 0,19% do total exportado pelo Brasil em 2022.
Em nota, o Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca do Japão disse que a medida foi tomada para “evitar que as aves vivas criadas no Japão sejam infectadas com o vírus e para sanitização dos alimentos”.
Foco em aves domésticas na Serra não representa riscos, diz governo
O caso confirmado na Serra é o primeiro foco detectado em aves domésticas em criação de subsistência desde a entrada do vírus no Brasil, no dia 15 de maio. É importante ressaltar que a ocorrência do foco confirmado de IAAP em aves de subsistência não traz restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. O consumo e a exportação de produtos avícolas permanecem seguros.
De acordo com o Mapa, as medidas sanitárias estão sendo aplicadas para contenção e erradicação do foco de IAAP, bem como estão sendo intensificadas as ações de vigilância em populações de aves domésticas na região relacionada ao foco.
“A depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas poderão ser adotadas pelo Mapa e pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) para evitar a disseminação do vírus e proteger a avicultura nacional”, diz o texto da nota.
Atualmente, o Brasil conta com 50 focos de IAAP detectados em aves silvestres, nos estados do Espírito Santo, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. As atualizações sobre os focos, bem como quais espécies afetadas podem ser consultadas no Painel BI, disponibilizado pelo Mapa.
O que é a gripe aviária?
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a influenza aviária é uma doença caraterizada por ciclos pandêmicos ao longo dos anos. As consequências podem ser graves ao comércio internacional de produtos avícolas caso atinja aves de granja.
Até então desconhecida no Brasil, a doença foi detectada pela primeira vez no país no último dia 15 de maio desse ano no Espírito Santo. Como o diagnóstico aconteceu em aves silvestres, não compromete a condição de país livre de IAAP para o comércio.
Os vírus de influenza tipo A têm alta capacidade de mutação e por isso, se adaptam a novos hospedeiros com facilidade. Essa adaptação dos vírus de influenza aviária ao homem chegou a ser responsável por uma taxa de letalidade alta.
Por esse motivo, as autoridades acompanham de perto qualquer suspeita da doença. A transmissão desses vírus entre os seres humanos pode representar um grande risco para a população do mundo inteiro.
Sintomas da gripe aviária
É importante destacar que os sintomas da gripe aviária em humanos podem ser semelhantes aos de uma gripe comum, porém tendem a ser mais graves. Eles incluem:
- Febre alta (acima de 38 graus Celsius);
- Tosse (geralmente seca);
- Dor de garganta;
- Dificuldade para respirar ou falta de ar;
- Dores musculares ou corporais;
- Fadiga ou fraqueza;
- Dor de cabeça;
- Conjuntivite.
Problemas gastrointestinais, como náusea, vômito e diarreia, também podem ocorrer, embora sejam menos comuns.
Como evitar a doença?
Entre algumas medidas que podem ser tomadas para ajudar a evitar a propagação do vírus são:
- Evite contato direto com aves: principalmente para aqueles que trabalham com aves, como avicultores. Se o contato com aves não pode ser evitado, medidas de proteção pessoal, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), devem ser implementadas.
- Pratique a higiene pessoal: lave as mãos e cuidadosamente com água e sabão, especialmente depois de estar em contato com aves ou em um ambiente avícola. Evite tocar a boca, nariz ou olhos com as mãos não lavadas.
- Cozinhe bem os alimentos: cozinhe completamente todas as aves e ovos. O vírus da gripe aviária é sensível ao calor e é destruído por temperaturas de cozimento (70°C no centro do produto).
- Evite o contato com superfícies contaminadas: o vírus pode sobreviver em superfícies, especialmente quando são frias e úmidas. Limpe e desinfete regularmente as superfícies, especialmente em áreas onde aves são mantidas.
- Procure atendimento médico imediatamente se tiver sintomas: se você desenvolver sintomas de gripe e teve contato com aves ou esteve em uma área onde a gripe aviária foi identificada, procure atendimento médico imediatamente.
Tive contato com animal suspeito, o que fazer?
As pessoas que tiveram contato com as aves diagnosticadas com a gripe aviária (vírus H5N1) devem ser monitoradas e manter o isolamento social se apresentarem sintomas gripais pelo período de dez dias a partir do contato com a ave contaminada ou com suspeita de contaminação.

