Indústrias da Serra perdem 90 milhões com insegurança

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Produção em indústria de rocha na Serra: dificuldade de locomoção de trabalhadores e risco de assalto nas empresas. Foto: Divulgação / Antolini Brasil

Caio Dias

A pior crise de segurança da história do ES gerada pela queda de braço entre Governo e PM, que culminou com o aquartelamento dos policiais e explosão de violência, está custando caro para as indústrias da Serra. Tanto que as fábricas instaladas na cidade, donas do principal parque industrial do Estado, deixaram de faturar cerca de R$ 90 milhões. O dado é da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes). 

Na última semana, auge da crise, 80% das indústrias da Serra interromperam as atividades pela falta de segurança. Só funcionaram as que têm segurança privada e mesmo assim, com bastante dificuldade, pois muitos colaboradores não conseguiram chegar para trabalhar porque a circulação do transporte coletivo estava suspensa.

O vice-presidente da Findes na Serra, José Carlos Zanotelli, ressaltou que os R$ 90 milhões que deixaram de ser faturados, tiraram cerca de R$ 6 milhões de ISS (Imposto sobre serviços de qualquer natureza) de arrecadação para o município no período.

Zanotelli acrescenta que esse caos veio em péssima hora, pois o país enfrenta um cenário de crise econômica, agravada no estado pela paralisação da Samarco, seca, perda de royalties e fim do Fundap. “Nesta semana 90% das empresas estão trabalhando, mas para isso continuar, o setor depende da continuidade da circulação do transporte coletivo, bancos, restaurantes e segurança. Mas vamos vencer essa batalha”, afirma.  

As gigantes do complexo de Tubarão, Vale e ArcelorMittal, não chegaram a ter redução de produção e de faturamento, conforme informaram as assessorias de imprensa das duas. Mas no último dia 08 a Vale chegou a pedir aos funcionários que fossem para casa, solicitou ao pessoal administrativo que fizessem seus serviços da própria residência, alterou a escala de turnos e reforçou a segurança.

Já a Prefeitura da Serra, informou que ainda não é possível medir o impacto na arrecadação. “Só vamos poder medir o impacto disso a partir do recolhimento que vence em março”, explicou o secretário municipal de administração e recursos humanos Cláudio Mello.

Comércio capixaba tem perda de 330 milhões

Para o comércio a crise na segurança foi especialmente dramática. É que além da perda das vendas, houve muito prejuízo com arrombamentos e saques nos estabelecimentos. Segundo a segundo Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio – ES) a estimativa é de que pelo menos 300 lojas tenham sido saqueadas em todo o estado desde o último dia 04 de fevereiro, quando começou a greve da PM.

Com as portas fechadas, o setor deixou de faturar R$ 300 milhões em negócios. Já o prejuízo com os arrombamentos giram em torno de R$ 30 milhões. Os números são da Fecomércio, que não precisou o quanto disso foi na Serra. Porém, o levantamento feito pela reportagem aponta para pelo menos 20 arrombamentos no comércio de Jacaraípe e seis em Feu Rosa, além dos casos de Laranjeiras.

Em contrapartida, um alívio. A Fecomércio vai disponibilizar um fundo de R$ 1 milhão para comerciantes que foram vítimas de saques ou arrombamentos. Os pagamentos serão feitos por meio do Banco do Brasil e Caixa Econômica. O empresário não precisa ser filiado a nenhum sindicato, a vítima terá 90 dias para quitar o débito e não vai pagar juros por isso.

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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