Uma brincadeira aparentemente inocente causou alvoroço na comunidade de Porto Canoa, na Serra, neste domingo (21). Conhecida como ‘guerra de sacolé’, a atividade envolve grupos de dezenas de crianças e adolescentes divididos em times rivais, que se enfrentam usando saquinhos contendo tinta ou água com corante. Essa prática, que começou no Rio de Janeiro há alguns anos, evoluiu para episódios de conflitos, tumultos, acidentes e até crimes.
Um morador de Porto Canoa, que preferiu não se identificar, relatou que os jovens percorreram a principal avenida do bairro e ruas adjacentes, muitos deles com os rostos cobertos para evitar identificação. Houve apreensão entre os moradores até compreenderem do que se tratava, pois eram grandes grupos se atacando.
Normalmente, esse tipo de prática é organizado pela internet. No Rio de Janeiro, onde a tendência começou, os saquinhos coloridos foram substituídos por água de esgoto, pedras, urina, fezes e objetos cortantes, como pregos e cacos de vidro. A atividade ganhou seriedade, com grupos formando ‘times’ e compartilhando placares de combate online. Em várias ocasiões, a polícia precisou intervir.
No Rio, embora a prática tenha gerado incômodos em diversas comunidades, não foi classificada como crime. No entanto, se pessoas não envolvidas nos confrontos forem atingidas e registrarem queixa, pode configurar uma contravenção penal, conforme o artigo 37 da Lei de Contravenções Penais (1941), sujeita à aplicação de multa. O artigo menciona que é contravenção “arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum ou alheio, qualquer coisa que possa ofender, sujar ou molestar alguém”. Além disso, episódios de lesão corporal ou dano ao patrimônio público ou privado podem resultar na intervenção policial.