Greve dos caminhoneiros, Democracia e eleições

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Por Hélio Maldonado

A “Lava Jata” acabou por reflexamente ruir a “imagem” daquela que em um passado recente era o orgulho nacional: a Petrobrás. A empresa pública, líder da produção e exploração de combustíveis no país, assim age para salvaguardar os “imperativos de segurança nacional”. Por tal razão é que a mesma, na regulação do mercado, promovia subsídio do preço dos combustíveis em geral. Mas, com a eclosão da “Lava Jata”, quantificado o estratosférico prejuízo ao erário decorrente da corrupção lá impregnada, passou-se a disseminar no senso comum que a empresa pública não mais serve ao Brasil. Desestatize-a, bravata agora “o povo”.

Seguindo assim, instaura-se uma nova política de gestão, permitindo que o preço dos combustíveis acompanhe a flutuação do dólar. Logo, a variação em escala progressiva do preço do diesel acabou por sufocar a mais valia do frete dos caminhoneiros. A greve eclodiu, persistindo por dez dias.

O episódio lança luzes sobre as condições de possibilidade da democracia no país. É intuitivo que o poder do Estado provém do “povo”. Contudo, em tempos de “modernidade líquida” os interesses são fragmentários, aglutidos em grupos de interesse. Destarte, na “arena política”, esses interesses estão em permanente guerra, agindo a opinião pública como força gravitacional sobre a formação desses “partidos”, tudo com o fim maior de influir no agir do Estado.

Por isso é que as Eleições se afiguram como o momento propício de consenso entre os grupos de interesse convergentes e divergentes. Ocorre que, a “Lava Jato” acabou também por sepultar a confiança já cambaleante do sistema político brasileiro. Esquerda e direita, respectivamente personificadas no PT e PSDB, estão derrotadas, dado o homogeneizado envolvimento no escândalo.

A míngua da existência de liderança que possa arregimentar partidos em torno de um projeto de Governo, as candidaturas se pulverizam, provocando um efeito cascata sobre as Eleições estaduais. Pior, haja vista um período de campanha que perdura por apenas quarenta e cinco dias, existe uma certeza da incerteza do resultado das Eleições de 2018.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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