Um golfinho apareceu morto na Praia de Carapebus, na Serra, na noite da última quarta-feira (28) e chamou atenção de moradores e surfistas da região por conta das marcas parecendo mordidas pelo corpo. Já especialista ouvido pela reportagem aponta que causa pode ser “doença devastadora” que vem atingido animais na costa capixaba desde 2017.
Segundo líder comunitário do bairro, Anderson Soares, o golfinho apareceu no pedaço da praia utilizado por surfistas conhecido como Praia Mole, no pico das Castanheiras, na Prainha. “O golfinho estava com sangue fresco ainda quando achamos e parece ter sido mordido por um peixe grande, como tubarão, por conta das marcas de dente no corpo que são bem assimétricas. Como ali é um local muito frequentado por surfistas ficamos preocupados”, destaca Soares frisando que quem encontrou o animal foi um morador que passava pela região.
Do Instituto Orca, Lupércio Barbosa disse que trata-se da espécie de golfinho – o boto cinza. “A carcaça ainda não chegou à base do instituto, então não sabemos a causa da morte. O animal será recolhido e levado para a sede do Orca em Guarapari. Cada minuto que se passa dificulta a necropsia e análise clínica. Desconfiamos que esse animal possa ter sido vitima de um vírus, que é comparado com o sarampo humano – o Morbilivirus, variedade do ‘paramixovirus’ que acomete os mamíferos marinhos. Estamos vendo casos como este em nosso litoral nos últimos anos e tem nos preocupado”, conta, frisando que estes animais na maioria das vezes são vítimas de rede de pesca.
Lupércio disse ainda que o boto cinza é uma espécie residente. “Eles ocorrem aqui no Espírito Santo e estamos preocupados com a conservação desta espécie, até que ponto o tamanho da população está diminuindo com a captura local. E principalmente com esta doença que é devastadora quando dá. Não sabemos muito sobre isso ainda, é um fato novo no Brasil e tem acontecido no Rio e São Paulo e aqui no ES de 2017. Essa doença é muito séria e devasta a população, contamina animais do mesmo grupo e a gente fica com medo porque sequer sabemos o tamanho desta população. É muito preocupante, teríamos que rever o monitoramento e manejo para atacarmos mais diretamente este problema dos animais doentes, não só os que vem a óbito, mas o que estão doentes”.
Questionado se pode haver relação da doença com a lama da Samarco ele disse que não tem como responder, embora a contaminação dos botos por metal pesado seja antiga na costa capixaba. “Já detectamos isso há muitos anos, pode até ter agravado, mas não sabemos os níveis. Teria que haver um estudo de muito tempo para sabermos realmente se esta seria a motivação”.
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