Moradores, pacientes e servidores da Unidade de Saúde de Pitanga, na Serra, denunciam supostas práticas de assédio moral, perseguição e humilhações por parte da gerente da unidade, Benedita Moreira Sales, que se apresenta como Cássia Sales. Segundo os relatos, a servidora utilizaria o cargo para coagir funcionários e criar um ambiente de trabalho hostil no posto de saúde.
Ao todo, seis pessoas entre servidores e moradores procuraram o Portal Tempo Novo relatando episódios de constrangimento, ameaças e retaliações. Parte dos profissionais afirma ter sido transferida de unidade após entrar em conflito com a gerente.
De acordo com o Portal da Transparência, Benedita é técnica de enfermagem e ocupa o cargo de gerente de unidade de saúde por meio de função comissionada na Prefeitura da Serra desde 2021. Ela permanece no cargo e recebe remuneração bruta de R$ 4,8 mil.
Denúncias apontam perseguição e assédio
Servidores que atuam ou já atuaram na unidade relatam que a situação seria antiga e recorrente. Por medo de represálias, os denunciantes pediram para não ter seus nomes divulgados.
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Os profissionais afirmam que pretendem acionar o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por assédio moral, diante da repetição das condutas. De acordo com os relatos, Benedita teria ofendido e constrangido enfermeiros, técnicos de enfermagem e até médicos, alegando “que ninguém a tira do cargo por fazer parte da base do prefeito”.
Uma das servidoras, técnica de enfermagem, disse ter sido humilhada diversas vezes.
“Ela já colocou o dedo na minha cara enquanto gritava no corredor, na frente dos pacientes. Se você não a elogia ou questiona algo, ela te persegue até você desistir de trabalhar na unidade”, afirmou.
Outra denunciante, enfermeira, relatou sofrer assédio moral diário.
“Ela não me respeita como profissional. Usa o cargo para coagir a equipe médica e de enfermagem. Quando me afastei por motivo de saúde, espalhou mentiras sobre mim e criou intrigas”, disse.
Servidores teriam sido transferidos após conflitos no posto de saúde

Segundo os depoimentos, os profissionais que entram em atrito com a gerente são remanejados pela Secretaria de Saúde, enquanto ela permanece na função.
Uma técnica de enfermagem contou que foi impedida de almoçar na unidade antes do início do expediente e que, ao questionar, teria sido humilhada na frente de colegas.
“Ela entrou na cozinha e começou a gritar dizendo que eu não poderia almoçar ali. Disse que iria me tirar do posto e colocar à disposição da secretaria. Dias depois, fui transferida”, relatou.
Moradores denunciam gerente na Serra
Além dos servidores, pacientes também dizem ter presenciado situações de constrangimento dentro da unidade.
“Já vi ela tratar os funcionários de forma ignorante, sem respeito. Chamava as pessoas de maneira ríspida, na frente de quem estava aguardando atendimento”, contou uma moradora.
Outro paciente afirmou que a unidade estaria perdendo profissionais devido às perseguições.
“Os bons funcionários estão saindo por causa dela. A última foi uma dentista grávida que acabou passando mal depois de um desentendimento”, disse.
Associação de Moradores levou o caso à Secretaria de Saúde
O presidente da Associação de Moradores de Pitanga, Luiz Henrique ‘Zica’ Ribeiro, afirmou que levou as denúncias à Secretaria Municipal de Saúde da Serra (Sesa). Segundo ele, embora Benedita seja a gerente nomeada, quem de fato executa a gestão da unidade seriam outros servidores, já que a gerente se envolveria mais em conflitos do que em tarefas administrativas.
“A unidade está sendo prejudicada pelo comportamento dela. Profissionais estão saindo e quem sofre é a população. Estamos reunindo relatos para enviar oficialmente à secretaria”, afirmou.
De acordo com o líder comunitário, a Prefeitura da Serra informou que é necessário o envio formal de denúncias e depoimentos para que o caso seja apurado.
O que diz a Prefeitura da Serra
A Prefeitura da Serra informou que tomou conhecimento das denúncias envolvendo a profissional citada e já iniciou apuração interna para averiguar os fatos.
“A gestão municipal reforça que não compactua com qualquer tipo de assédio ou conduta inadequada no ambiente de trabalho e que todas as manifestações e denúncias recebidas são tratadas com seriedade e responsabilidade. Caso sejam confirmadas irregularidades, as medidas administrativas cabíveis serão adotadas”, diz a nota.
A gerente Benedita Moreira Sales também foi contatada por meio de mensagem no WhatsApp, porém não respondeu até o fechamento desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

