Com 86 mortes registradas até esta segunda-feira (29), a Serra é o município com o maior número de óbitos no trânsito no Espírito Santo em 2025. O dado reforça um cenário preocupante e ganha ainda mais relevância após um flagrante divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que evidencia um dos principais fatores por trás dessas estatísticas: a imprudência.
Um veículo foi flagrado trafegando a 204 km/h na Rodovia do Contorno, via que corta a Serra e outros municípios da Grande Vitória, na última semana. Para alguns motoristas, números como esse podem parecer desafio ou demonstração de potência. Para a PRF, no entanto, representam alto risco de tragédia.
Para se ter uma dimensão do problema, 990 pessoas já perderam a vida no trânsito no Espírito Santo em 2025, segundo dados consolidados até o momento. Somente na Serra, o número chega aos 86 óbitos, liderando o ranking estadual.
PRF alerta para riscos extremos da alta velocidade
Em nota divulgada após o flagrante, a PRF destacou que a percepção de controle ao volante é ilusória em situações de excesso de velocidade. “Muitos motoristas pensam: ‘Eu sei dirigir, eu tenho o controle’. Mas a verdade é bem diferente. Em alta velocidade, não há tempo de reação. Se um pneu estourar ou um animal cruzar a pista, não é possível desviar. O carro vira um projétil sem direção. O impacto é destruidor. Em velocidades como essas, nenhum cinto de segurança ou airbag consegue salvar uma vida”, diz o comunicado.
Leia também
Tragédias que poderiam ser evitadas
No último Natal, no município de Jaguaré, no Norte do Estado, um acidente causado por excesso de velocidade resultou na morte de uma família inteira. Pai, mãe e duas crianças, de 7 e 10 anos, morreram após o carro em que estavam ser atingido por uma caminhonete em alta velocidade, com impacto suficiente para despedaçar o veículo.
Especialista aponta imprudência como principal causa
Para o especialista em trânsito Ronaldo Gaudio, a maioria dos acidentes poderia ser evitada.“A imprudência é definida como expor a si mesmo e aos outros a riscos desnecessários. Ações comportamentais simples poderiam resolver cerca de 80% desse cenário caótico”, afirmou ao TN.
Segundo ele, o excesso de velocidade é causa primária ou secundária de aproximadamente 80% dos acidentes, seguido por outro comportamento perigoso: a negligência. “O uso do celular ao volante, por exemplo, aumenta em cerca de 400% o risco de acidente”, alertou.