Fíbria usa aviões para lançar produtos químicos em eucaliptais na Serra

Compartilhe:
Moradora flagra avião aspergindo sobre casa em Angelim. Foto: reprodução Facebook

 

Moradora flagra avião aspergindo sobre casa em Angelim, região rural próxima a Itaúnas. Foto: Reprodução Facebook

Bruno Lyra

Localizadas na zona rural da Serra entre a lagoa Juara, Nova Almeida, a comunidade de Putiri e o rio Reis Magos, as plantações de eucalipto da Fíbria (ex- Aracruz Celulose) recebem adubação química com o uso de aviões. Na prática, uma chuva de fertilizantes cai sobre esses cultivos.

A informação de que são usadas aeronaves para lançamento de insumo nos plantios da empresa na Serra foi confirmada pela assessoria de imprensa na última quinta-feira (26). A Fíbria possui cerca de cinco mil hectares de terras na Serra, o que dá quase 10% do município. Destes, pelo menos a metade – 2,5 mil hectares – é de eucaliptais. Isso equivale a dois mil e quinhentos campos de futebol oficiais.

A assessoria da Fíbria disse que houve adubação recente nos seus plantios da Serra, mas não detalhou se isso ocorreu em toda a extensão ou apenas em parte. No último dia 17 de outubro, numa comunidade rural próxima a Itaúnas, Conceição da Barra, litoral norte do ES, aviões acabaram despejando o fertilizante químico sobre casas e pessoas.

Um vídeo feito por moradores da comunidade quilombola de Angelim mostrou o momento do despejo. O chefe da Divisão de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário do Ministério da Agricultura no ES, Flavio Marquini, viu o vídeo e disse que o caso é grave. Segundo ele, nenhum tipo de produto pode ser aspergido por aviões sobre pessoas e pediu para que a comunidade formalize a denúncia ao órgão, para que um procedimento de investigação seja aberto.

Por sua vez, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf) disse, através da assessoria de imprensa, que o caso de Conceição da Barra é de competência do Ministério da Agricultura. Isto porque o que foi lançado lá não são defensivos agrícolas (herbicidas, fungicidas e/ou inseticidas), mas fertilizantes.        

 

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

Leia também