Bruno Lyra / Gabriel Almeida
Com a descoberta do Instituto Evandro Chagas de que outra espécie de mosquito pode transmitir a febre amarela, o Aedes Albopictus, aumenta o risco da contaminação da doença em cidades, incluindo aí a Serra. É que essa espécie de Aedes vive tanto em matas quanto em áreas urbanas próximas a elas. E pode servir de elo entre o atual ciclo rural da doença e um novo ciclo urbano, que não é registrado desde 1942 no Brasil.
O biólogo e diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Sérgio Lucena, é um dos que alerta para o risco de proliferação da doença na cidade. “O mosquito pode picar um animal infectado na floresta e trazer o vírus para a cidade. Por isto é preciso ampliar a vacinação e as ações de combate aos mosquitos em áreas urbanas”, explica.
Lucena lembra que o Albopictus, assim como outras espécies de Aedes, é comum na área da UFES, por exemplo. Área esta que é contígua ao manguezal que chega até o bairro Jardim Carapina, já na Serra.
Segundo a Agência Brasil ainda é preciso mais estudos para a Fundação Evandro Chagas comprovar a eficácia do albopictus como transmissor da febre. Além dos mosquitos silvestres Haemagogus e Sabethes – responsáveis pelo surto atual -outro mosquito que também pode transmitir a febre amarela é o Aedes aegypti, vetor das também temidas dengue, zika e chikungunya.
Mas, como este mosquito é urbano, no atual surto não há registro da presença do vírus nem da transmissão para humanos. No entanto, o Aedes aegypti transmitiu febre amarela para moradores de cidades no Brasil até 1942 e faz isso atualmente na África.
Serra tem caso confirmado e segue vacinando
A Serra já tem um caso confirmado de febre amarela e outros dois em investigação em 2018. A informação é da secretaria de Municipal de Saúde (Sesa). O paciente que cujo teste deu positivo para a doença, não mora na Serra. Segundo a assessoria da secretaria municipal de saúde ele estava de passagem no município, quando procurou atendimento e não há informação de onde possa ter sido contaminado.
Cerca de 400 mil pessoas foram vacinadas contra a febre amarela na Serra e as doses estão disponíveis nas 38 unidades de saúde do município. O dia e horário da aplicação variam de acordo com cada unidade, o cidadão deve procurar a mais próxima de casa para saber a agenda de imunização.
A assessoria da Sesa frisou que não recebeu orientação do Ministério da Saúde a respeito da relação do mosquito Aedes albopictus com o vírus da febre amarela. Disse ainda que a presença desse mosquito no município é “ínfima, porém ele também é monitorado por meio das armadilhas e combatido com fumacê e UBV pesado, larvicidas, bombas costais e na eliminação de criadouros em visitas domiciliares e a pontos estratégicos (floriculturas, ferros velhos, borracharias)”.
Tais ações já são dispensadas ao Aedes aegypti e por hora ele é o principal foco do combate, que em 2018 já teve dois mutirões de combate, inspeção a cemitérios e levantamento do índice de infestação.
Quanto as doenças transmitidas pelo Aedes, já foram notificados 127 casos de dengue, 5 casos de zika e 6 casos de chikungunya.
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