Falta segurança e sobra violência em Balneário de Carapebus

Bairro da Serra está se tornando um dos cenários mais violentos da cidade.
Compartilhe:
Balneário de Carapebus Serra
Violência em Balneário de Carapebus. Na foto, a menina Alice Rodrigues, de seis anos, que morreu durante ataque armado no bairro da Serra. Crédito: Divulgação

O que deveria ser um reduto de tranquilidade, marcado pelo privilégio de estar à beira-mar, vem se transformando em um dos cenários mais violentos da Serra. A vocação turística de Balneário de Carapebus, que poderia gerar lazer, renda e qualidade de vida, cede lugar ao medo que se impõe diariamente sobre os moradores. O território que deveria oferecer paz e oportunidade está hoje sufocado pela disputa entre facções criminosas. É inegável: em Carapebus, falta segurança e sobra violência.

A realidade é marcada pela guerra entre o Primeiro Comando de Vitória (PCV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), conforme já denunciado pelo Portal Tempo Novo. Enquanto os criminosos disputam território, quem perde é a população, que vive sob constante ameaça. Os relatos dos moradores são claros: falta policiamento ostensivo e presença diária da Polícia Militar. Mesmo após ataques armados recorrentes, a comunidade continua sem a proteção necessária.

Os episódios recentes não deixam dúvidas sobre a gravidade da situação. Neste fim de semana, duas pessoas foram baleadas em plena rua, e os disparos chegaram a atravessar paredes, atingindo casas onde famílias inteiras – incluindo crianças – estavam em seus quartos. Dias antes, Diego Clemente Barcelos Costa, de 30 anos, foi assassinado a tiros, e um adolescente de apenas 15 anos também acabou ferido ao tentar fugir do ataque.

O caso mais emblemático, no entanto, ocorreu há menos de vinte dias: a morte da menina Alice Rodrigues, de apenas seis anos, atingida enquanto voltava da praia com a família. O carro em que estava foi confundido por criminosos e alvejado. Alice se tornou símbolo de uma violência que não escolhe alvo, que ceifa vidas inocentes e que expõe, de forma cruel, a ausência do Estado.

A sucessão de crimes mostra que não basta apenas investigar após a tragédia. É urgente que a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) volte seus olhos com mais rigor para Balneário de Carapebus e outras comunidades da Serra. O patrulhamento intensivo, aliado a ações preventivas, é medida imediata e indispensável para reduzir a audácia de criminosos que hoje agem em qualquer hora e lugar.

Se é de conhecimento público que o bairro está sob o domínio de facções, é dever do poder público agir antes que novas vidas sejam perdidas. A política de segurança não pode se limitar a contabilizar mortos e abrir inquéritos; precisa, sobretudo, proteger a vida. Balneário de Carapebus não pode continuar sendo território livre para o crime. A Polícia Militar precisa agir – e precisa agir já.

Embora a responsabilidade primária pela segurança pública seja do Estado, cabe também à Prefeitura da Serra buscar alternativas de reforço. A Secretaria Municipal de Defesa Social (Sedes) pode e deve ampliar a presença da Guarda Civil Municipal em Balneário de Carapebus. A corporação, se fortalecida com aumento de efetivo e estrutura para atuar em regime de 24 horas, pode exercer um papel importante de apoio: inibir delitos, colaborar na prevenção e, sobretudo, transmitir à comunidade a sensação de que não está abandonada.

Foto de Gabriel Almeida

Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

Leia também