Extrema pobreza avança e já atinge 70 mil moradores da Serra

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Criança em abrigo improvisado em uma calçada do bairro Novo Horizonte. Foto: Gabriel Almeida
Na Serra, até março deste ano, 72.660 pessoas viviam na extrema pobreza, com menos de R$146,90 por mês. Foto: Gabriel Almeida / Arquivo TN

O número de serranos que vive na extrema pobreza, ganhando até R$146,90 por mês, cresceu 15% em menos de dois anos na cidade, enquanto a população total só cresceu 1% no mesmo recorte de tempo.

Os dados são do ‘Perfil da Pobreza no Espírito Santo: Famílias Inscritas no CadÚnico’, do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

Na Serra, até março deste ano, 72.660 pessoas viviam na extrema pobreza, com menos de R$146,90 por mês. Esse número foi 15% maior que o estudo anterior, no qual63.092 serranos viviam com renda equivalente em dezembro de 2017.

Considerando pobres e extremamente pobres, são 125.791 moradores da Serra que recebem menos de R$ 425,22/mês. Atualmente, o município possui 507.598 habitantes.

Também houve crescimento de 23,31% nos considerados pobres. No entanto, a metodologia utilizada como base de ganho foi modificada, o que pode ter superdimensionado o aumento.

Em 2017, era considerado pobre quem tinha renda entre R$ 128,95 e R$257,90 (cálculo baseado no ganho US$3,9dólares/dia) e este ano a base foi de US$5,5dólares/dia, que equivaleu a R$425 quando o estudo foi divulgado. Em 2017, havia 84.368 serranos na linha da pobreza e, neste ano, aumentou para 104.038.

Para a secretária de Assistência Social, Elcimara Loureiro, os números são uma constatação do quadro que já era vislumbrado em 2017. “Desde aquele ano, a forma como o Governo Federal estava tratando as políticas sociais, imaginávamos que haveria um empobrecimento da população. Agora constatamos o empobrecimento do Brasil e na Serra”, afirma.

Para Elcimara, a gestão federal atual só vai agravar esse quadro. “Isso é reflexo de um modelo de gestão em que o Governo Federal deixa de investir nas políticas sociais, somados à crise financeira, desemprego. Quando você mexe em políticas estruturantes para conseguir romper o ciclo da pobreza, fica difícil. Quando há cortes no suporte à saúde, educação, programas habitacionais e a outros programas, isso gera desemprego. Hoje, até o acesso a cadastros em programas sociais está mais difícil, o que deixa mais pessoas em situação de vulnerabilidade. Na Serra, 48.061 famílias estão inseridas no CadÚnico”, aponta.

Atraso no repasse de programas sociais

Em relação aos desafios que a cidade enfrenta, Elcimara diz que a Prefeitura tem se esforçado para suprir a falta do Governo Federal.“Das 48.601 pessoas cadastradas no Cadastro Único, temos 22 mil com Bolsa Família (com renda de até R$189 per capita). Hoje, o Governo Federal está com mais de R$2 milhões de repasses para a Prefeitura em atraso, e temos que cobrir tudo”, diz Elcimara.

Mesmo assim, Elcimara orienta famílias em vulnerabilidade sociala procurem os Cras (Centros de Referência e Assistência Social). Lá, orientamos as famílias, além de termos alguns programas de transferência de renda, como o Pró-Família, que transfere R$100 para as famílias na linha da extrema pobreza; distribuição de cesta básica; auxílio natalidade para grávidas em situação de vulnerabilidade; e auxílio funeral.O Cras também faz atendimento social – Programa de Atendimento Integral à Família -, com oficinas, orienta as famílias ao atendimento na rede de saúde, educação”, enumera.

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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