A auditoria aberta para apurar as causas do acidente que deixou um bebê com queimaduras no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, em Morada de Laranjeiras, concluiu que a responsabilidade foi de uma técnica de enfermagem. O relatório, divulgado nesta segunda-feira (29) em coletiva da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), apontou falha individual da profissional, sem ligação com problemas estruturais ou de protocolo do hospital.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, a funcionária não seguiu os treinamentos recebidos e executou “procedimentos completamente fora dos padrões médicos e hospitalares”. “Temos a convicção absoluta que não houve nenhum dolo, apenas um erro da profissional”, afirmou. Hoffmann afirmou ainda que todos os novos enfermeiros que entram no hospital recebem um treinamento individual com profissionais mais experientes.
“O hospital adota como protocolo que, em maternidade de alto risco, quando uma profissional está entrando no serviço, ela deve ter acompanhamento de um profissional mais experiente por 90 dias. Isso aconteceu com essa profissional. No entanto, para adotar qualquer procedimento que não esteja previsto no protocolo, seria necessário comunicar à chefia de enfermagem do setor ou ao médico pediatra. Isso não foi feito. Infelizmente, ela realizou esse procedimento e cometeu um erro muito grave”, afirmou o secretário de saúde.
A técnica foi demitida do hospital e o relatório será encaminhado ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) para novas medidas. As informações são do jornalista Guilherme Marques.
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Bebê teve pé queimado em hospital da Serra
O caso ocorreu no dia 19 de agosto, quando o recém-nascido José teve o pé queimado após a profissional tentar aquecer algodão na resistência do berço aquecido. O material foi colocado dentro da meia da criança, o que provocou as lesões.
O bebê foi transferido para o Hospital Infantil de Vitória, onde permaneceu internado por 28 dias e passou por enxertos de pele. Ele recebeu alta hospitalar, mas segue em acompanhamento ambulatorial, conforme informado pelo Portal Tempo Novo.
De acordo com o diretor do Hospital Jayme, Joubert Andrade da Silva, não foram encontradas falhas nos protocolos. “Os protocolos do hospital foram revistos e não foram identificados pontos que pudessem ser melhorados, pois era um procedimento que obviamente que não deveria ser feito. Isso nunca foi procedimento”, destacou.
Apesar disso, o diretor ressaltou que cartazes foram colocados em todo o hospital com o intuito de reforçar os protocolos da instituição. Além disso, o secretário de saúde, reforçou que essas medidas também seguiram para outros hospitais do estado.
A técnica de enfermagem havia sido contratada há três meses e meio, tendo experiência anterior apenas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O acompanhamento de auditores foi concluído em 28 dias.
Recuperação do recém-nascido
Além das informações da conclusão da auditoria, a equipe também falou sobre recuperação de José. De acordo com Clio Venturim, diretor do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, o bebê apresentou evolução satisfatória após passar por três procedimentos de desbridamento (remoção de tecidos mortos) e, posteriormente, receber um enxerto no dia 18 deste mês.
Segundo ele, o enxerto foi bem-sucedido e o bebê já recebeu alta hospitalar, embora siga em acompanhamento periódico na unidade de saúde para troca de curativos e monitoramento da cicatrização.
Venturim destacou não haver risco de amputação e que a recuperação tem sido positiva. “Como se trata de uma criança, a tendência é que a evolução seja ainda mais rápida e favorável, e é isso que estamos observando. Nossa expectativa é que em breve o José esteja totalmente recuperado, sem sequelas no pezinho”, afirmou.
O tempo de acompanhamento médico ainda não está definido, já que dependerá da avaliação da equipe de cirurgia plástica. O hospital, porém, informou que toda a equipe multidisciplinar permanece de prontidão para prestar os cuidados necessários ao recém-nascido.

