Era uma vez a Vale menor…

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Por Bruno Lyra

Em entrevista concedida no início de janeiro ao Tempo Novo, o economista Luiz Fernando Lorenzoni, cravou que entre 10 e 20 anos a Vale começará a desinvestir no Espírito Santo. Lorenzoni argumenta que a Vale deve concentrar suas energias no projeto SD 11, localizado em Eldorado do Carajás no Pará e exportado pelos portos do Maranhão.

Faz sentido. Em operação há um ano, o SD 11 tem, segundo a própria Vale, tecnologias mais avançadas que tradicionais cavas das Minas Gerais, minério mais puro e é o maior projeto de  mineração não só da multinacional como da história do planeta.

E mais. Não está encostado em áreas tão populosas como as das cavas de Minas Gerais, cujos impactos chegam ao Espírito Santo. Basta ver o caso do rompimento da barragem de rejeitos da mineração da Samarco (Vale + BHP).

Sem contar que os portos do Maranhão estão mais próximos de mercados consumidores importantes, como a costa leste dos EUA e a Europa Ocidental. Mas, além destes, há outros fatores que podem apontar um declínio das atividades mínero-siderúrgicas no ES já a médio prazo.

Um está na mudança estrutural da economia. Hoje já se usa menos ligas metálicas em automóveis, por exemplo. É só comparar a quantidade de ferro e aço presente em carros antigos com os atuais.   

Outro é a crescente pressão das comunidades do Sudeste sobre impactos ambientais e sociais gerados pela mineração. Seja pela menor quantidade de pessoas quanto pela pobreza, a população do leste da Amazônia tende a ser menos reativa.  

Há também tendência a reciclar tanto ferro e aço já produzido. É evidente que com o agravamento das questões ambientais a comunidade internacional vai pressionar pela redução do uso de recursos naturais não renováveis.

A escassez de água no Estado é outro complicador.

Os sinais estão aí. Vide a desistência da Vale do projeto da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU) em Anchieta e a dificuldade para retomar a produção da Samarco. E, recentemente, até o vice-governador, César Colnago (PSDB) disse que não cabe no ES mais projetos poluidores. Já vale pensar como será este lugar com uma Vale menor.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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