Empresa faz bairro da Serra ser tomado por poeira e moradores denunciam problemas respiratórios

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Foto: Divulgação
Manifestação está acontecendo na manhã desta quarta-feira. Foto: Divulgação

O constante tráfego de caminhões da empresa Naja Vix na estrada de Muribeca está causando muitos transtornos aos moradores de Aroaba, região rural da Serra. O problema está sendo denunciado pelos populares durante manifestação que ocorre desde o início da manhã desta quarta-feira (1°). A comunidade aponta que a passagem dos veículos pesados por dentro do bairro traz impactos, inclusive, na saúde da população, que sofre há anos com o aumento de poeira.

Mas as denúncias não param por aí. Além da poeira, causada pelo trânsito dos caminhões, os moradores reclamam da alta velocidade que os veículos trafegam pela estrada rural. De acordo com a presidente da Associação de Moradores de Aroaba, Alcinéa Pimentel Ramos, apesar da promessa de soluções por parte da Naja, na prática, a situação persiste há anos.

O protesto desta quarta-feira não tem horário para ser finalizado. A comunidade promete sair do local apenas quando representantes da empresa e da Prefeitura da Serra forem ouvir as demandas e apresentar solução. Por conta disso, a empresa não está conseguindo entrar ou sair com caminhões, já que a estrada de Muribeca está completamente bloqueada.

Moradores denunciam transtornos causados pelo trânsito de veículos pesados.

E se não bastasse a poeira e a alta velocidade dos caminhões, a passagem destes veículos também estariam impactando diretamente na qualidade da estrada, que vive tomadas por buracos e desníveis. “Nós estamos querendo ser ouvidos pela empresa e pelo poder público afim de conseguir uma solução. Os caminhões destroem a estrada, causam muita poeira e ainda trazem perigo aos moradores. Já tivemos promessas de melhorias, mas nada é feito”, denuncia Alcinéa.

Sobre os impactos na saúde dos moradores, a líder comunitária afirma que a população do bairro está sofrendo com problemas respiratórios graves devido a grande quantidade de poeira. “Isso tem causado danos à saúde de crianças e idosos. Meu pai, em um mês, teve pneumonia duas vezes. Temos bebês recém-nascidos por aqui que também sofrem com isso. A situação está insuportável”, acrescentou.

Alcinéa Pimentel também informou que a empresa teria prometido colocar quebra-molas na estrada, mas a promessa também não foi cumprida. “São vários transtornos; até no início da estrada, assim que sai da BR-101 e entra no bairro, causaram problemas. As carretas de tanto descer com pesos fizeram uma vala que está perigosa”, finalizou.

Problema é antigo

Não é de hoje que os moradores do entorno da estrada rural de Muribeca estão sofrendo com os impactos do trânsito de caminhões. Isso ocorre pelo menos desde 2017 e, inclusive, já foi notícia no Jornal Tempo Novo em 2019. Na ocasião, a comunidade já denunciava os transtornos causados pela empresa.

Inclusive, vale ressaltar, que a Naja Vix possui um Terminal Multimodal em Aroaba, que é o destino dos veículos pesados. A empresa, segundo informações não oficiais, transporta ferro-gusa que vem de trem de siderúrgicas de Minas Gerais. Esse material é armazenado no pátio de Aroaba e, principalmente por modal ferroviário, é levado ao porto de Tubarão para exportação e também atendimento de demanda da ArcelorMittal Tubarão.

Empresa assume problemas com alta velocidade, mas diz realizar melhorias

Caminhão de empresa tentando controlar poeira na estrada. Foto: Divulgação | Naja Vix

A Naja Vix, através de seu representante Igor Saider, conversou com o Jornal Tempo Novo e assumiu que a comunidade tem sofrido com problemas referentes à alta velocidade dos caminhões. No entanto, disse que está tentando realizar melhorias e conscientizar os funcionários.

“[Fizemos] a aplicação de placas de aviso e apontamento de controle de velocidade e treinamentos com os motoristas afim de conscientizar acerca desse problema. Mas iremos intensificar esse controle para mitigarmos qualquer risco oriundo desse tipo de problema”, disse Igor.

O representante também afirmou que, no ano de 2021, foi elaborado um Plano de Atendimento junto à comunidade – com a participação das lideranças, encabeçada pela líder comunitária. “Nele, foram abordados os pontos críticos e os locais que seriam necessários uma atenção especial nossa. Ficou acordado que uma umectação (carros-pipas para apagar poeira) da via seria realizada. Essa umectação vem ocorrendo. Em paralelo a isso, a empresa realiza com recursos próprios obras de melhorias em toda estrada, com a utilização de equipamentos de nivelamento e patrolamento, e a aplicação de escória na estrada para a compactação”, acrescentou.

No entanto, a Naja Vix afirma que suas operações são na proporção de 85% pelo modal ferroviário, portanto, a movimentação nas estradas não seria somente da empresa, e elas teriam uma proporção de apenas 15%. “Na via, por ser um local público, trafegam ônibus, carros e caminhões civis, carros de transporte de outras empresas. Não temos controle sobre eles”.

Por fim, a Naja afirmou que está realizando o controle de poeira da região. Disse ainda que investiu em compra de equipamentos de umectação de via, e os mesmos estão sendo inseridos na operação nesta quarta-feira, com o intuito de aumentar a incidência de controle de poeiras.

Serra quer restringir fluxo de veículos na região

A Prefeitura da Serra também foi acionada pela reportagem e informou que as equipes do Departamento de Operações de Trânsito (DOT) fazem o monitoramento e fiscalização recorrente do local. No momento, a administração está estudando a criação de uma norma para diminuir ou restringir o fluxo de veículos pesados na região.

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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