Em ato de crueldade, caçadores matam macaco prego no Mestre Álvaro

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O primata foi encontrado morto na região de Pitanga. Foto: Divulgação Marcos Santana

Um ato cruel e de extrema covardia. No último sábado (18) um ambientalista flagrou a ação de caçadores, mais uma vez, na Área de Proteção do Mestre Álvaro, na Serra, e denunciam falta de fiscalização na montanha.

Abrigando centenas de espécies de animais silvestres, o Mestre Álvaro – maior monte da Serra e um dos maiores da costa brasileira – sofre com a constante presença de caçadores de animais silvestres. Além da caça, os criminosos também desmatam áreas, onde montam acampamentos para passar a noite.

Desta vez, a vítima foi um macaco prego que foi encontrado morto na trilha de Pitanga, com marcas de pancadas na cabeça.

O flagrante foi feito pelo ambientalista Marcos Santana que denunciou a situação via redes sociais. Ele contou que avistou o primata durante uma subida. Santana costuma frequentar o monte com frequência e disse que o animal tinha ferimentos na cabeça, muito provavelmente feitas por caçadores. “Não examinei muito perto não mas tinha um buraco grande na cabeça. O macaco prego no mato é muito arisco não chega perto das pessoas. Eles ficam nas árvores bem altas, pode ser que levou tiro de raspão e fugiu”.

Da ong Guardiões do Mestre, Junior Nass, que apoia no monitoramento de fauna e flora da montanha, disse que infelizmente a triste situação se repete cotidianamente na montanha.

O Tempo Novo já fez diversas reportagens sobre caça e ameaças a ambientalistas. A última foi em fevereiro deste ano. Na ocasião, a denúncia era também de desmate de áreas. “A presença de caçadores é constante no monte e os principais alvos são os lagartos e as pacas; pássaros também são procurados, mas quase não são pegos. A gente pede, pede fiscalização, mas infelizmente o município peca demais nessa parte”.

De acordo com o biólogo Cláudio Santiago, o macaco prego, de nome científico Spajus apella, são classificados como primatas do novo mundo, ou seja, ocorrem na América do Sul, abrangendo a bacia Amazônica até o sul do Paraguai e norte da Argentina e por todo o Brasil.

“O pênis possui o formato de um prego quando ereto, o que conferiu o nome popular. São macacos de porte médio, pesando entre 1,3 kg e 4,8 kg, medindo cerca de 45cm de comprimento, sem contar a cauda – característica comum aos primatas do novo mundo”, detalhou Santiago quem disse o macaco morto no Mestre Álvaro é uma grande perda pois se trata de um animal adulto.

Os macacos pregos apresentam hábitos diurnos e vivem em grupos de até 40 indivíduos. “Sua alimentação é baseada em frutos e insetos. Há relatos de predação de outros mamíferos pequenos e ingestão de ovos de aves. Também ingerem alimentos mais duros, como cocos e sementes, e este hábito tem influência na sua anatomia e comportamento”.

Cláudio Santiago disse ainda que a espécie é carismática que exige cuidado na sua conservação.

O primata foi encontrado morto na região de Pitanga. Foto: Divulgação Marcos Santana

“As espécies de macaco-prego encontram-se em diferentes graus de conservação de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) o que não exclui a necessidade de preservação, mais precisamente de suas áreas de ocorrência, tendo em vista que se trata de uma espécie carismática, ou seja, que desperta o interesse das pessoas e estimula o tráfico ilegal”.

Vale ressaltar que o Mestre Álvaro é uma Área de Proteção Ambiental (APA) e possui 833 metros de altura. Por lá, são encontradas diversas espécies de animais silvestres. Nos alagados – entorno do monte – já foram fotografadas 150 espécies de aves; isso sem contar tamanduá, jaguatirica, lontra, cachorro do mato e gato mourisco.

O Tempo Novo procurou a Prefeitura da Serra que disse que  secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente informou por meio do Departamento de Recursos Naturais (DNR), em conjunto com Departamento de Fiscalização Ambiental (IDAF), que efetua periodicamente o percurso das trilhas do Mestre Álvaro fiscalizando a área.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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