Moradores da Serra relataram o avistamento de duas onças-pardas circulando pela região do Contorno do Mestre Álvaro nesta semana. A primeira aparição teria ocorrido na quarta-feira (13), mas neste sábado (16) um dos animais foi encontrado morto após ser atropelado na rodovia, nas proximidades da zona rural de Muribeca.
Segundo relatos, dois felinos atravessavam a via quando um deles conseguiu retornar para a mata, enquanto o outro foi atingido por um carro. O impacto foi tão forte que chegou a danificar o veículo. O morador Ezequiel Bulhões contou que o animal não resistiu e morreu no local. Outro morador retirou o corpo da estrada e o levou para descartar em uma área de mata próxima.
Ezequiel afirmou que, de vez em quando, onças aparecem na região, mas nunca havia presenciado algo semelhante. “Meus pais chegaram a ver duas onças atravessando a estrada dias atrás, mas ninguém acreditou. Agora ficou comprovado porque uma acabou atropelada”, relatou.
Apesar do caso ter chamado a atenção de motoristas que passavam pelo trecho, nenhum órgão ambiental foi acionado no momento do acidente. A Polícia Ambiental informou ao Portal Tempo Novo que não recebeu chamada sobre a ocorrência, mas uma equipe foi enviada neste sábado à tarde para realizar patrulhamento e tentar localizar indícios do outro animal.
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Registros de onças na Serra
O biólogo Cláudio Santiago analisou a foto enviada por moradores e confirmou que o animal atropelado era uma onça-parda adulta. Segundo ele, a cena registrada levanta suspeitas de que o felino não estava em condições normais de saúde, já que dificilmente um animal selvagem permitiria ser manuseado por pessoas dessa forma. “Só seria possível se tivesse sido criado em cativeiro desde pequeno e acostumado ao contato humano”, explicou.
Santiago destacou ainda que o aparecimento de onças na Serra não é comum. Em registros oficiais, há apenas um caso semelhante em 2015, quando um grupo de amigos fotografou uma onça atravessando o Contorno do Mestre Álvaro.
Sobre a Onça-Parda

A onça-parda (Puma concolor) é o segundo maior felino das Américas, ficando atrás apenas da onça-pintada. Também conhecida popularmente como suçuarana, puma ou leão-baio, possui pelagem uniforme em tons que variam do marrom-claro ao avermelhado.
Diferente da onça-pintada, que depende de grandes áreas de floresta preservada, a onça-parda é considerada uma espécie altamente adaptável. Pode ser encontrada desde áreas densamente florestadas até regiões próximas a centros urbanos, o que explica registros ocasionais em locais como a Serra.
Trata-se de um animal solitário e territorialista, que costuma se alimentar de animais de médio porte, como capivaras, veados e tatus. Apesar da força e da fama de predadora, a onça-parda evita contato com seres humanos e raramente ataca pessoas.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a espécie não está ameaçada em nível nacional, mas enfrenta riscos locais devido à perda de habitat, atropelamentos e conflitos em áreas rurais. A ocorrência de atropelamentos, como o registrado neste fim de semana na Serra, é um dos principais fatores de ameaça em rodovias que cortam áreas de mata.

