A chegada do verão e a campanha Dezembro Laranja reforçam a atenção para o câncer de pele, responsável por 33% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país registra cerca de 185 mil novos casos por ano, impulsionados principalmente pela exposição excessiva à radiação ultravioleta.
Ao mesmo tempo em que campanhas nacionais reforçam a importância da prevenção, cresce nas redes sociais o movimento No Sunscreen, que estimula jovens a evitar o uso de protetor solar. A tendência, disseminada sobretudo entre a Geração Z, se baseia em argumentos sem respaldo científico e preocupa especialistas pelo risco cumulativo da exposição solar direta. “A exposição repetida, mesmo que pareça inofensiva na juventude, aumenta o risco de desenvolver câncer de pele décadas depois”, afirma a médica Alyssa Miranda, do Ellas Oncologia.
O diagnóstico precoce continua sendo determinante para os resultados do tratamento, especialmente no melanoma, o subtipo mais agressivo. A oncologista Juliana Alvarenga explica que, quando a pessoa identifica alterações suspeitas na pele e busca avaliação rápida, as chances de cura ultrapassam 90%.
Os tratamentos variam conforme o tipo e o estágio da doença. A cirurgia é, na maior parte dos casos, o método mais utilizado. Em outras situações, podem ser recomendados recursos como radioterapia, quimioterapia tópica ou sistêmica, além de terapias modernas como imunoterapia e terapias-alvo, aplicadas principalmente em melanomas avançados. Nos quadros mais complexos, o acompanhamento costuma envolver diferentes especialistas.
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Para ajudar na identificação de sinais suspeitos, profissionais utilizam a regra do ABCDE, ferramenta simples que orienta a população a observar mudanças relevantes em pintas e lesões na pele.
Regra do ABCDE: sinais para ficar de olho
A – Assimetria: uma metade da pinta não se parece com a outra
B – Borda: contornos irregulares ou pouco definidos
C – Cor: variações de tonalidade na mesma lesão
D – Diâmetro: maior que 6 mm
E – Evolução: alterações recentes em tamanho, cor, forma ou sintomas
Principais fatores de risco
- Exposição solar intensa ou repetida
- Pele clara
- Histórico familiar
- Uso de câmaras de bronzeamento
- Imunossupressão
As especialistas reforçam que medidas adequadas de proteção continuam sendo fundamentais para prevenir a doença. “É necessário usar protetor solar com FPS a partir de 30, aplicado de maneira uniforme e reaplicado a cada duas horas, principalmente durante atividades ao ar livre. Barreiras físicas como roupas de manga longa, chapéus de aba larga e óculos com filtro UV ajudam a reduzir a exposição direta”, afirma Alyssa Miranda.
A oncologista Juliana Alvarenga reforça que o cuidado deve ser contínuo e não apenas concentrado no verão, já que os danos provocados pela radiação ultravioleta se acumulam ao longo dos anos e podem resultar em diagnósticos futuros. “Evitar o sol entre 10h e 16h, manter o acompanhamento dermatológico e observar alterações na pele são atitudes simples que fazem diferença no futuro. O efeito da radiação é cumulativo e, quando negligenciado na juventude, pode resultar em câncer de pele anos mais tarde”, destaca.

