A falta ou atraso para entrega dos componentes químicos utilizados na produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) está causando uma crise internacional de desabastecimento de medicamentos. No Brasil, e consequentemente, na Serra, não é diferente: o município vem sendo afetado pelo problema, no entanto, está conseguindo manter o índice de abastecimento acima dos 90%.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a Serra é a cidade capixaba com o maior índice de abastecimento de medicamentos entre os municípios que disponibilizam estas informações publicamente. No momento, a cidade conta com 92,65% do seu estoque abastecido.
Em entrevista ao Jornal Tempo Novo, o prefeito da Serra, Sergio Vidigal, explicou que os remédios que mais faltam nas farmácias públicas da cidade são aqueles que a indústria está encontrando dificuldade de produzir, devido a falta de matéria prima no mercado.
“As matérias primas são importadas e mesmo que o laboratório seja no Brasil, elas são importadas. A pandemia foi o principal causador da redução da oferta da matéria prima, mas a guerra também potencializou a falta. Então posso afirmar que não é falta remédio por falta de vontade ou culpa da prefeitura. Só ano passado, foram R$ 18 milhões em aquisição de medicamentos”, destacou o prefeito.
Dentre as cidades da Grande Vitória, a Serra ocupa o 1° lugar do índice de remédios em estoque (92,65%). Atrás, vem Cariacica com 86,96% e Guarapari com 80%. A capital, Vitória, não disponibiliza as informações; já Vila Velha não atualiza o índice desde novembro do ano passado.
Quem também conversou com a reportagem foi a gerente de Assistência Farmacêutica da cidade, Mariana D’Agostin. De acordo com ela, Atualmente, há dificuldades com a matéria-prima para a produção de medicamentos básicos como soro fisiológico, Dipirona e prometazina.
“Todos os medicamentos estão comprados. Alguns deles, inclusive, têm previsão de regularização para o final de maio e meados de junho. Mas vale a pena destacar que, diariamente, o setor de Almoxarifado da saúde recebe material. Há poucos dias, chegaram: Paracetamol comprimido, Loratadina comprimido e xarope, ácido fólico, Ibuprofeno comprimido e amoxicilina + clavulanato suspensão e todos os serviços já foram reabastecidos”, salientou Mariana.
Contudo, ela alerta, que a crise global gerou também falta de alguns antibióticos, o que preocupa bastante as autoridades sanitárias, uma vez que não há medicamentos nas redes pública e privada.
“O fato de alguns locais terem medicamentos e outros não vai depender de quanto a drogaria tem de produtos em estoque, que é a mesma situação que ocorre com os serviços públicos. Pode acontecer de um município ter determinado medicamento e outro não, em razão da quantidade de estoque reserva do momento. Além disso, as drogarias realizam compras diariamente com as distribuidoras de medicamento, e o volume costuma ser menor do que o adquirido pela administração pública”, explicou.
Ainda de acordo com a gerente de Assistência Farmacêutica da Serra, procedimentos são adotados para que o desabastecimento não afete a linha de tratamento. “Orientamos aos gerentes e aos farmacêuticos das Unidades de Saúde que procedam a atualização da lista de medicamentos disponíveis juntos aos profissionais de saúde, para que possam analisar as alternativas frente aos itens que estão em falta”, explicou.
Para evitar desabastecimentos, adminstrações públicas adiantam trâmites burocráticos: “Diante do atraso dos fornecedores, seguimos os trâmites que estão previstos na Ata de Registro de Preços: o fornecedor é notificado e, dependendo a respostas, pode ser resolvido ou acatado o proposto. Quando não há resolução ou documentação que justifique o atraso, o processo segue para aplicação das sanções administrativas previstas na Ata de Registro de Preços, que pode ser advertência, multa ou suspensão de participar em licitações públicas”, finalizou a gerente.