Curta-metragem infantil celebra memória e ancestralidade no Sítio Histórico do Queimado

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Com menos de dez minutos de duração, a obra foi filmada no Sítio Histórico de São José do Queimado, na Serra, e celebra afetos, tradições e resistências presentes no território. Foto: divulgação

Lançado no YouTube no último sábado (20), o curta-metragem “Ayo – A Bonequinha do Queimado” mergulha na ancestralidade, na memória e na valorização da cultura serrana. Com menos de dez minutos de duração, a obra foi filmada no Sítio Histórico de São José do Queimado, na Serra, e celebra afetos, tradições e resistências presentes no território.

Inspirada na vivência dos escravizados em meados da década de 1840, a história da bonequinha Ayo foi escrita por Nanda, a partir de memórias, afetos e resistências que atravessam gerações. Desenvolvida especialmente para o público infantil, a narrativa busca levar esperança, identidade e pertencimento aos corações das crianças, ao mesmo tempo, em que dialoga com a história e a memória coletiva do território.

De acordo com apuração do TN, o elenco reúne a atriz Mallu Vieira, as gêmeas Raquel Rosa e Raquely Rosa, a artesã e criadora das bonequinhas Agda Matos, além de Dany Barbosa, Serena Oliveira e Wanderley Candeias. A presença da própria artesã na obra reforça a conexão entre arte, tradição e narrativa audiovisual.

A direção de fotografia é assinada por Kerley Assis, que também divide o roteiro com Fernanda Vieira, responsável ainda pela produção e direção do curta. A pós-produção e edição final serão concluídas em até 30 dias, preparando a obra para seu lançamento digital.

“Ayo – A Bonequinha do Queimado” é mais do que um curta-metragem: é um gesto de memória, um ato de valorização da cultura negra e serrana, e um convite para que crianças e adultos reconheçam, através da arte, histórias que resistem e seguem vivas no território do Queimado.

Sobre o roteiro

O roteiro de “Ayo – A Bonequinha do Queimado” constrói uma narrativa delicada, sensível e profundamente conectada à memória afetiva e ancestral do território de São José do Queimado. A história parte de um gesto simples e poderoso: uma bonequinha feita pelas mãos de uma avó, carregando cuidado, afeto e tradição, que passa a ocupar um lugar especial no universo de uma menina chamada Antônia.

Entre a realidade e o imaginário infantil, o filme acompanha a relação silenciosa e encantada entre Antônia e Ayo. Nos arredores da igreja do Queimado, espaço simbólico de fé, resistência e história, a bonequinha parece ganhar vida através do brincar, do olhar curioso e da imaginação livre da criança. O roteiro não explica — ele sugere, permitindo que o público se deixe conduzir pela atmosfera de encantamento.

Quando Antônia adormece, o filme atravessa o limiar do sonho. É nesse território onírico que surgem bonequinhas de carne e osso, figuras que misturam fantasia, memória e ancestralidade. O sonho não rompe com a realidade, mas a amplia, criando uma experiência sensorial onde passado e presente dialogam com suavidade.

Sem recorrer a grandes falas ou explicações, o roteiro aposta na sensibilidade, no silêncio e na força simbólica das imagens. Ayo se apresenta como um elo entre gerações, uma história sobre afeto, imaginação e herança cultural, convidando o espectador a lembrar que brincar também é uma forma de resistência e que sonhar pode ser um caminho de permanência da memória.

A história da bonequinha contada nas escolas e pontos de cultura

Ayo – A Bonequinha de Esperança

Fernanda Vieira

Numa noite de lua cheia em São José do Queimado, uma estrela-cadente caiu bem perto do quilombo. As mães, que costuravam bonequinhas para seus filhos, correram até lá e encontraram um pedacinho de luz no chão.

Misturaram aquele brilho com retalhos de pano e, ponto a ponto, deram forma a Ayo. Seu nome vem do iorubá, e quer dizer “alegria” — e era isso que suas roupas carregavam: um brilho vivo, como se a estrela morasse dentro dela.

Ayo não era uma boneca qualquer. À noite, quando as crianças dormiam abraçadas a ela, elas sonhavam com momentos felizes e  sentimentos leves e  livres e cada vez que um sonho era contado a outra pessoa, a estrela dentro de Ayo ficava mais forte.

Assim, cada bonequinha costurada não era só pano e linha. Era esperança, magia… e a promessa de que um dia a liberdade chegaria, iluminando tudo outra vez.

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Guilherme Marques

Guilherme Marques é jornalista e atua como repórter do Portal Tempo Novo.

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