
Lar é sinônimo de conforto, é o lugar de segurança e descanso. Mas apesar desse significado, moradores do condomínio Jardim Bela Vista, na Serra, vivem o contrário desta realidade. Os apartamentos do local sofrem estruturalmente com problemas de fissuras, rachaduras, na caixa d’água e em fios. Atualmente o prédio está interditado pela Defesa Civil sob o aviso de perigo, mas mesmo assim uma parte dos residentes segue nos apartamentos pois não tem condições de se mudar.
O caso começou em 2016, quando os atuais proprietários dos apartamentos adquiriram os imóveis por meio do programa ‘Minha Casa Minha Vida’. Segundo a moradora Mahendria Moura, de 31 anos, as propriedades foram financiadas pela Caixa Econômica Federal quando já estavam prontas, e inclusive, um engenheiro da empresa financiadora foi ao local averiguar a situação do prédio.
“As casas foram financiadas pela Caixa. Tudo parecia um sonho, ter nossa própria casa, uma nova etapa na vida. Quando ocorreu o início do financiamento, o condomínio já estava pronto, e para verificar a situação estrutural, um engenheiro, creio eu que fosse da Caixa Econômica, foi ao prédio e não identificou nenhuma anormalidade”, disse a moradora.
Foi então, em 2021, que as ‘sujeiras escondidas debaixo do tapete’ surgiram. Infiltrações, rachaduras, fissuras, gessos de apartamentos caindo, lajes com risco de queda e outras questões relacionadas a construção mal feita do prédio desencadearam na interdição do imóvel, que nesse ponto já estava sob risco de desabamento.
Em uma tentativa de recorrer a situação, os moradores do prédio entraram na justiça contra a Caixa e o construtor do edificação identificado pela denunciante como Márcio Martinelli. A reportagem tentou entrar em contato com o edificante por meio de suas redes sociais e de telefones, mas não obteve resposta.
“Tentamos apresentar o laudo técnico e as duas interdições da Defesa Civil para o construtor responsável e para a Caixa, que não deram o retorno. Entramos na justiça mas recentemente o juiz retirou a Caixa do processo por entender que ela não tem relação com os problemas, o que não faz sentido, pois todos nós pagamos uma taxa para um engenheiro da Caixa avaliar o imóvel e ele não viu os problemas”, relatou Mahendria.
O Tempo Novo entrou em contato com a Caixa Econômica, que respondeu explicando sua responsabilidade no contexto.
“A Caixa esclarece que o Residencial Jardim Bela Vista, localizado na Serra (ES), não foi construído com recursos financiados pelo banco à construtora. A Caixa atuou na qualidade de agente financeiro nas operações às Pessoas Físicas, na modalidade “Aquisição de Imóvel Novo”, não cabendo ao banco a responsabilização por eventuais vícios construtivos nos imóveis, cuja responsabilidade é do construtor (a) do imóvel”, disse a empresa.
O jornal também entrou em contato com a Prefeitura da Serra para ouvir a Defesa Civil quanto a regulamentação atual do prédio.
“A Defesa Civil esteve no local e interditou o prédio devido à estrutura do reservatório superior, que estava comprometida. Segundo a Defesa Civil da Serra, o imóvel deve seguir interditado até que os proprietários tomem as medidas cabíveis para regularizar a situação”, relatou a prefeitura.
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