Colchão vira peça-chave para desvendar crime na Serra

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O que parecia ser apenas mais um objeto entre os escombros de um galpão abandonado revelou-se essencial para desvendar um crime: o assassinato de Ivannilda Araújo dos Reis, de 51 anos. O corpo da vítima foi encontrado em janeiro deste ano, sobre um colchão, no interior do imóvel localizado no bairro Laranjeiras Velha, na Serra. A partir disso, a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) iniciou uma investigação que culminou na prisão de Davidson Daniel de Carvalho Pereira, de 27 anos.

De acordo com a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), o colchão chamou atenção dos investigadores durante o trabalho de perícia, sendo identificado posteriormente como um item característico de um homem conhecido na região por estar sempre com ele, inclusive, reconhecido por seu modo de andar peculiar.

Com as Imagens das câmeras de segurança, os agentes registraram o momento em que o suspeito entrou no galpão carregando o colchão. Pouco depois, as imagens mostram Ivannilda também entrando. Nenhuma outra pessoa foi vista acessando o local durante todo o dia, conforme confirmou a delegada Raffaella Aguiar, chefe da DHPM.

“Ele era conhecido por carregar esse colchão e seu modo de andar era facilmente identificável. Conseguimos as imagens, comparamos as características físicas e conseguimos confirmar que se tratava de Davidson. Ele foi preso e confessou que o colchão era dele, mas negou o homicídio, tentando culpar outra pessoa em situação de rua”, afirmou a delegada ao Tempo Novo.

Relação anterior: furto pode ter motivado o crime

A investigação revelou ainda que vítima e suspeito já haviam tido um desentendimento anterior: semanas antes do homicídio, Ivannilda o acusou de furtar panelas e utensílios domésticos de sua residência. Ao caminhar pelo bairro, ela viu Davidson com os itens levados e o denunciou a familiares. Testemunhas confirmaram o relato e também o reconheceram.

A Polícia Civil trabalha com duas possíveis motivações para o crime: a primeira seria uma discussão por conta desse furto. Já a segunda seria uma disputa por drogas, já que ambos eram usuários e Ivannilda havia dito a um familiar que pretendia consumir entorpecentes após receber a notícia de que seu filho havia sido preso.

“Ela estava muito abalada e disse ao sobrinho que queria usar droga. Ele se recusou a acompanhá-la e ela foi sozinha. Costumava frequentar aquele galpão para consumir entorpecentes. Já Davidson entrou no local, segundo ele, para fugir da chuva. Os dois acabaram se encontrando ali, e algo ocorreu. Ela foi morta de forma violenta, provavelmente com um pedaço de madeira contendo pregos ou parafusos”, detalhou Raffaella.

Prisão

Durante o interrogatório, Davidson tentou se isentar da responsabilidade ao acusar outro morador de rua pelo homicídio. No entanto, a polícia localizou o homem apontado e descartou totalmente seu envolvimento, inclusive com base na compleição física e nas imagens da cena do crime.

“A má sorte dele foi que encontramos a pessoa que ele tentou culpar, e rapidamente percebemos que não havia como ter sido ela. A versão do Davidson caiu por terra”, concluiu a delegada.

Davidson Daniel de Carvalho Pereira foi autuado por homicídio duplamente qualificado. O imóvel onde o crime ocorreu foi posteriormente demolido, possivelmente pelo proprietário, uma vez que se tratava de uma construção particular.

Foto de Guilherme Marques

Guilherme Marques

Guilherme Marques é jornalista e atua como repórter do Portal Tempo Novo.

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