Você já sentiu que, por mais que se esforce, nunca é o suficiente? Que o trabalho suga suas energias, mas não te devolve satisfação? Que o cansaço virou seu companheiro diário, e até coisas simples – como levantar da cama ou responder uma mensagem – parecem um fardo? Cuidado: pode ser Burnout.
A Síndrome de Burnout, ou esgotamento profissional, não é só estresse. É um colapso emocional causado por cobrança excessiva, falta de reconhecimento e desequilíbrio entre vida pessoal e trabalho. O corpo e a mente gritam: “Chega!” – mas muitas vezes a gente insiste em ignorar os sinais, até que adoece de verdade.
Além do cansaço extremo, fique atento a alguns sinais: irritação constante, como se coisas pequenas te tirassem do sério; dificuldade de concentração, com a sensação de que o cérebro está “lento”; insônia ou sono agitado, mesmo quando você está exausto; sentimento de fracasso, como se nada do que fizesse tivesse valor; e dores físicas, como cabeça, músculos ou estômago em alerta máximo. Se você se identificou, não é “frescura” – é seu organismo pedindo socorro.
Mas por que isso acontece? Vivemos em uma cultura que romantiza o excesso de trabalho. Frases como “quem não vive para trabalhar, não merece prosperar” são comuns, mas essa lógica é perversa. Empresas cobram metas irreais, funcionários têm medo de dizer “não” – afinal, as demissões estão aí –, e a tecnologia nos mantém disponíveis 24 horas por dia. O resultado? Pessoas doentes, relações fragilizadas e, no fim, uma produtividade que despenca. O Burnout é sintoma de um sistema doente, não de pessoas “fracas”. E a solução não está só em “meditar” ou “se cuidar” – exige mudanças individuais e coletivas.
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Então, o que fazer? O primeiro passo é reconhecer seu limite. Você não é uma máquina. Horas extras não devem ser regra. Se o trabalho invade seu sono, lazer e convívio familiar, algo está errado. Se possível, converse no trabalho. Nem todo chefe é compreensivo, mas vale tentar: “Estou me sentindo sobrecarregado, como podemos ajustar isso?”. Se a resposta for “aguenta ou sai”, é sinal de que o problema não é você.
Procure ajuda profissional. Psicólogos e psiquiatras podem te ajudar a lidar com a crise. Se não puder pagar, busque CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou universidades com atendimento gratuito. E não se esqueça de se desconectar. Desligue notificações do trabalho depois do horário. E-mail corporativo no celular? Só se for indispensável. Por fim, redefina o que é “sucesso”. Sua saúde vale mais que um cargo ou um salário. Se o emprego atual está te destruindo, talvez seja hora de repensar prioridades.
Se precisar de ajuda, saiba onde buscar. Os CAPS, presentes em todo o Brasil, oferecem apoio psicológico gratuito. O CVV (Centro de Valorização da Vida) também está disponível – basta ligar para 188 se precisar conversar. Sindicatos e RH podem ser aliados, já que algumas empresas têm programas de saúde mental – cobre isso! E se preferir terapia online, plataformas como Psicologia Viva oferecem sessões acessíveis.
O Burnout não é “falta de resiliência” – é um alerta de que o jeito como trabalhamos precisa mudar. Você merece descanso, lazer e dignidade. Se o trabalho está te matando, não espere chegar ao limite: peça ajuda, imponha limites, viva.