Artesã da Serra troca farmácia por vidro e vende acessórios para mais de 15 países

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Renilda Dutra é moradora de Barcelona e criadora da marca “Ofício do Vidro” que atualmente exporta peças para mais de 15 países. Crédito: Divulgação

Renilda Dutra é uma história de reinvenção e paixão, moldada pelo calor do vidro fundido e pela criatividade sem limites. A empreendedora moradora da Serra, se desligou de uma carreira segura na indústria farmacêutica para mergulhar no mundo da arte em vidro, fundando o “Ofício do Vidro”. Sua empresa agora cria e distribui peças únicas de vidro, incluindo acessórios e objetos de decoração que embelezam ambientes por todo o Brasil. Com o vidro, Renilda, faz telas, acessórios femininos, espelhos, esculturas, objetos decorativos, luminárias e muito mais.

Há cerca de 24 anos, Renilda fez uma escolha audaciosa: ela “se demitiu de si mesma” de um emprego estável para se aventurar no desconhecido mundo do vidro. Comprou um forno, equipamentos e dedicou noites a fio ao estudo autodidata dessa nova arte. Seu primeiro contato com o vidro aconteceu um ano antes, durante uma estadia em Florianópolis, quando se encantou com peças de vidro expostas em uma feira artesanal. “Eu sempre pensei quando eu me aposentar e ser ceramista. Mas me apaixonei antes e atualmente me dedico a esta arte. Hoje sou vidreira”.

Rapidamente, Renilda percebeu que precisava adaptar sua produção para peças menores com maior valor agregado, uma mudança de suas iniciais que eram as grandes bandejas, que demoravam a vender. “Criei acessórios sofisticados, chiques e diferenciadas. Me mudei para o Rio Grande do Norte, onde fiquei alguns anos e decidi voltar para casa, moro em Barcelona, desde 2016, e tenho atelier na minha residência e também em Guarapari, onde temos o projeto de reaproveitamento de garrafas, onde transformamos as garrafas em copos utilitários, luminárias”.

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Este ajuste em sua produção não apenas otimizou seus recursos, mas também alinhou com uma crescente consciência ambiental. Ela estabeleceu parcerias com vidraçarias para reutilizar sobras de vidro, refletindo seu compromisso tanto com a arte quanto com o meio ambiente.

Peças exclusivas com cores da bandeira do Espírito Santo fazem parte do hall de produtos vendidos por Renilda e são os queridinhos das mulheres.

Educação e empoderamento

Além de ser uma artista, Renilda é uma educadora, ministrando palestras em escolas sobre a importância da reciclagem do vidro. Ela desenvolveu máquinas que transformam garrafas em copos e outros utensílios, demonstrando que o vidro pode ser “reciclado infinitamente”. Seu trabalho vai além da criação artística, buscando impactar a comunidade ao seu redor, especialmente mulheres em vulnerabilidade social, para quem oferece treinamento profissional.

“O vidro pode ser reciclado infinitas vezes. A gente tem uma preocupação com o meio ambiente, não só a garrafa, mas também os vidros de esmalte, que tem uma demanda de descarte gigante e estou lançando uma coleção especificamente de vidros de esmaltes”.

Apesar dos desafios, incluindo a falta de apoio em algumas iniciativas de políticas públicas, Renilda não desanima. Ela já representou o Espírito Santo em várias feiras de artesanato nacionais e suas obras já decoram ambientes internacionais, vendidas para mais de 15 países. Um destaque especial em sua carreira foi o showroom no Hotel Esmeralda, no Rio Grande do Norte, onde o segundo andar do hotel foi transformado em uma galeria de suas obras.

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Cafu esteve na exposição da luminária ‘Laços de Arte e Herança Italiana: A Casa de Taipa de Lambert’ que foi doada para a Pestalozzi para ser leiloada. Crédito: Divulgação

Obra doada para a Pestalozzi

Renilda doou uma luminária exclusiva para a Pestalozzi, de Santa Tereza, para ser vendida em leilão. “A partir do Lions Clube, tivemos a ideia de fazer o leilão, e o leiloeiro de Santa Tereza que conhece o Cafu, é amigo do Cafu, convidou o jogador para empoderar esse negócio, e ele aceitou”.

O leilão vai acontecer em outubro e a luminária é uma obra tridimensional tendo como material principal vidro reciclado. O objetivo é capturar a essência da bandeira italiana, traduzindo suas cores em uma experiência visual única e cheia de significado. A obra ‘Laços de Arte e Herança Italiana: A Casa de Taipa de Lambert’ tem o verde que representa os encantadores vales e campos da Itália.

“Em nossa obra, uma escultura de vidro fusing, delicadamente pintada à mão, recria a icônica Casa de Taipa de Lambert. Este espaço é uma homenagem a Antônio Lambert, o habilidoso artesão escultor de madeira e criador de imagens religiosas. Nossa Casa de Taipa italiana é única, com tramas diagonais que formam um design exclusivo. Nas esferas verdes, capturamos a essência dos grãos de café, enquanto o rosa da paleta da bandeira do Espírito Santo homenageia a agricultura, destacando a contribuição dos imigrantes para a terra”, revela Renilda.

A obra ficou exposta no evento que aconteceu em Santa Teresa e que contou com a participação do ex-jogador da Seleção Brasileira Cafu e a jornalista e escritora Mariah, além de autoridades do município.

Arte Sensorial

Um projeto marcante de Renilda foi uma exposição de arte sensorial para cegos, realizada durante a pandemia. Ela criou peças que podiam ser “vistas” através do tato, como a representação de paisagens locais em alto relevo em vidro, permitindo que pessoas com deficiência visual pudessem apreciar sua arte.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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