Um jacaré foi encontro sem vida as margens da lagoa Jacuném neste final de semana por um pescador, na Serra. No corpo do réptil não haviam marcas de briga com outros animais ou marcas de objetivos perfurantes. A possível causa da morte pode ter sido por ‘armadilha de engasgo’.
“O bicho estava boiando e parece ter morrido ali mesmo. Não sei dizer o que causou a morte”, disse o pescador que não quis se identificar.
De acordo com o Fernando Paulino, do projeto Caiman, não houve acionamento para este caso e sendo assim não dá para especificar a causa da morte do animal, sem fazer necropsia do corpo. No entanto alguns problemas podem ser considerados.
A lagoa Jacuném sofre com poluição severa seja por esgoto ou dejetos industriais, perguntado se a causa da morte do jacaré poderia ser poluição por esgoto, o biólogo disse achar pouco provável.
+ Gambá ‘mijão’ invade casa na Serra, causa alvoroço e é resgatado por moradores
“Morte por contaminação não é tão comum. Jacarés são muito resistentes. Provavelmente seja caça”, disse o biólogo.
No caso, da caça, Fernando explica que a morte do réptil é lenta e cruel, e os caçadores costumam utilizar ‘armadilha de engasgo’ – que é cruel e lenta. “Um anzol preso numa linha com uma carne na ponta. Jacarés não mastigam, então engolem a comida. Quando tentam sair o anzol agarra no trato digestivo do bicho e rasga ele por dentro. Sobre o caso recente da lagoa Jacuném, seria necessário que se faça uma necropsia pra entender a causa da morte”.
Atualmente, cerca de 500 animais da espécie jacaré-do-papo-amarelo estão distribuídos em sete lagoas, dentro da ArcelorMittal Tubarão, na Serra, um verdadeiro santuário onde vivem e se reproduzem.
A caça, com exceção da praticada por subsistência ou questões científicas, é proibida em todo o território brasileiro. Além do impacto ecológico, incentiva a comercialização e consumo impróprio da carne de animais silvestres, como os jacarés.
O jacaré-de-papo-amarelo é uma espécie que está segura a nível de Brasil. Contudo, observando o panorama no Espírito Santo, ele está em extinção. “A poluição do habitat natural e a caça são os principais problemas enfrentados pela espécie”.
O trabalho do Caiman é salvar os jacarés-de-papo-amarelo que são animais em perigo de extinção. “Animal ameaçadíssimo de extinção no Espírito Santo e nosso trabalho é salvar esses répteis dessa condição. O jacaré é considerado símbolo da biodiversidade do Espírito Santo. Essa espécie é fundamental para o equilíbrio da Mata Atlântica e para a saúde desses ambientes. Uma das principais ameaças para eles é a degradação da Mata Atlântica e isso acaba acarretando em situações como essa vista”, disse Yhuri Cardoso Nóbrega, coordenador do Caiman
A população pode acionar o Instituto Caiman para resgate e cuidado de jacarés. O telefone é (27) 99818-3188. Também pode ligar para a Polícia Ambiental: (27) 3636-1650.

