Política

Aliados de Audifax e Vidigal trocam farpas sobre paternidade do Hospital Materno Infantil

Desde de 2008, em um racha do PDT da Serra, Vidigal e Audifax nutrem forte rivalidade um com outro. Nessa foto, tirada pelo Tempo Novo em 2004, Vidigal lançava seu então secretário Audifax Baercelos à prefeitura. Foto: Arquivo TN

Entregue pela Prefeitura da Serra em setembro de 2020, o Hospital Materno Infantil, em Laranjeiras, passou por uma adequação para receber pacientes de Covid-19 já nesta quarta-feira (07). Serão 30 leitos de enfermaria adulto; mas a previsão é de que, nos próximos dias, a unidade passe a dispor mais 90 leitos de enfermaria adulto e, até final de maio, mais 13 leitos de enfermaria adulto e 19 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para casos de complicação súbita, totalizando 152 leitos Covid-19.

A obra sempre foi motivo de muita discórdia entre o prefeito Sérgio Vidigal e do ex-prefeito Audifax Barcelos, que desde 2008 nutrem uma intensa rivalidade política no município.

O hospital é uma obra municipal, que custou cerca de R$ 100 milhões. Desse valor, aproximadamente metade foram de recursos federais. Tanto ocupando a prefeitura como na condição de deputados, Vidigal e Audifax participaram ativamente desde a idealização do projeto, aos tramites burocráticos, a execução da obra em si e a captação de recursos federais, que se tratando de Brasília, costuma ser penosa e agarrada.

No entanto, as ‘torcidas organizadas’ na cidade, nunca reconheceram muito bem a participação de ambos os políticos na concretização do Hospital, e voltam e meia trocam comentários ‘puxando sardinha’ para seus respectivos lados e deslegitimando o adversário.

Isso voltou acorrer essa semana, que deve ser novamente marcada pela dura fase da pandemia, com mortes trágicas de moradores da Serra; leitos lotados; e medidas de restrição que atingem trabalhadores e empreendedores.

Na Câmara, quem puxou a ‘polêmica’ foi a vereadora Raphaela Moraes, que participou das gestões do ex-prefeito Audifax é tida como uma das principais aliadas dele no parlamento municipal.

“Recebi com surpresa e felicidade a notícia que o Hospital Materno Infantil finalmente foi entregue e começará a atender a população. Esse hospital é talvez a maior obra pública da da historia do município. Ele custou mais ou menos R$ 100 milhões e metade desse valor foi custeado pela Prefeitura, graças a uma gestão qualificada que licitou, deu a ordem de serviço e entregou esse hospital, que foi a gestão do prefeito Audifax”, disse a vereadora.

Em seguida, o vereador Wellington Alemão subiu a tribuna e contradisse Raphaela, citando Vidigal como o verdadeiro responsável pela realização do Hospital. Alemão está em seu segundo mandato consecutivo e hoje faz parte da coalisão de vereadores que apoiam Vidigal. Em sua primeira estadia na Câmara, ele fez parte do grupo de oposição a Audifax.

“Foi entregue na gestão do prefeito anterior (referindo-se a Audifax), mas foi homologado lá traz por Vidigal”. Disse. Ele e a vereadora chegaram a debater, no entanto o microfone da parlamentar estava desligado, e a reportagem não conseguiu identificar a fala. Mas Wellington voltou a ratificar: “Foi Vidigal”.

Em um segundo momento, Raphalea rebateu novamente o vereador e disse que “tem que dar a César o que é de César” e que “o mérito é da gestão do Prefeito Audifax Barcelos”.

A ex-deputada federal e esposa do atual prefeito, Sueli Vidigal foi ainda mais incisiva. De acordo com ela, o governador Renato Casagrande e o prefeito Sérgio Vidigal “são os únicos responsáveis pela abertura do hospital”. Ela citou ainda o trabalhado dela e de Vidigal em Brasília, na condição de deputados, no que tange a captação de recursos federais.

“Quero agradecer ao governador Renato Casagrande e ao prefeito Sergio Vidigal os únicos responsáveis pela abertura do hospital. Falar deste hospital me emociona muito, porque tenho toda a história dele passo a passo antes mesmo dele nascer, quando eu e Sérgio buscamos realizar o sonho da cidade, primeiro foi o projeto, depois foi na captação de recursos em Brasília e hoje ele está aqui, com o real objetivo nosso; salvar vidas. Não importa quantos padrinhos surgiu ao longo da história, o que me importa é que ele resistiu ao tempo e hoje podemos abrir as suas portas”, disse Sueli Vidigal.

Em uma primeira análise a ordem cronológica dos fatos parece confusa, pois tanto Vidigal e Audifax foram prefeitos e deputados no intervalo de 9 anos dos quais o Materno Infantil demorou para efetivamente sair do papel e ser entregue.

O Hospital Materno Infantil foi idealizado na terceira gestão de Vidigal como prefeito (2009-2012). O edital foi publicado em 2012, ainda na gestão de Vidigal. A licitação e a ordem de serviço foram realizadas por Audifax em 2013 – na época em seu segundo mandato de prefeito (2013-2016).  A obra foi iniciada em 2014 e entregue seis anos depois, em 2020, no último ano do terceiro mandato de Audifax como prefeito (2017-2020). E agora, entrará em funcionamento no primeiro ano do 4º mandato de Vidigal a frente da Prefeitura (2021 que segue até 2024).

Vale citar que dessa vez, nem Audifax e nem Vidigal entraram pessoalmente na polêmica da ‘paternidade’ da obra. Até à tarde dessa terça-feira (06) Vidigal sequer tinha se pronunciado oficialmente sobre o assunto da abertura do Hospital. Já Audifax publicou um vídeo se justificando pelo hiato que durou entre a inauguração da obra (setembro de 2020) e a efetiva abertura do hospital para receber pacientes (amanhã, dia 07 de abril).

Em 2019, sob o olhar do governador Renato Casagrande, Audifax e Vidigal chegaram a apertar as mãos durante uma visita técnica ao Hospital Materno Infantil. Nessa foto, torcidas de ambos os políticos gritavam o nome de Audifax e Vidigal em disputa para ver quem se destacava mais. Foto: Edson Reis.
Redação Jornal Tempo Novo

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