A comovente história do ‘Seu Paulo’, o serrano que em 14 dias perdeu esposa e filha para Covid

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Silvia, Terezinha que perderam a vida para a Covid-19 e Seu Paulo, no dia de tomar a vacina contra a doença. Foto: Divulgação
Silvia, Terezinha que perderam a vida para a Covid-19 e Seu Paulo, no dia de tomar a vacina contra a doença. Foto: Divulgação

“Vacina é esperança”. Essa é a mensagem do morador de Porto Canoa, Paulo dos Santos, de 79 anos que recebeu a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 na última quarta-feira (17). Para Seu Paulo, a vacina tem um significado muito forte: ele perdeu dois grandes amores de sua vida para o coronavírus: a esposa e a filha, num intervalo de 14 dias e mesmo ainda de luto ele tem a espiritualidade de comemorar a chegada da vacina; Seu Paulo, pede para que todos se vacinem quando chegar o momento.


“A esposa era sua base, ele ficou perdido sem ela, mesmo diante disso tudo ele criou força e tomou a vacina”.


Seu Paulo foi vacinado na Unidade de Saúde de Feu Rosa na última quarta-feira (17). Quem conta é a nora Jasiely da Penha Nascimento.

“Para ele foi um momento de alegria e gratidão. Ele passou o tempo todo com a esposa dentro de casa e não contraiu o coronavírus. E ontem ao ser vacinado ficou emocionado. Mesmo diante de tanta luta, desafios, ele conseguiu se imunizar. A esposa era sua base, ele ficou perdido sem ela, mesmo diante disso tudo ele criou força e tomou a vacina. Ele quis dar o exemplo. E fala abertamente, ‘tem que tomar, se proteger e se cuidar. Vacina é esperança sim, sempre’”, disse Jasi.

A nora conta detalha a saga da família contra a doença. A primeira a contrair o coronavírus foi Terezinha Maria Roriz dos Santos, de 68 anos, esposa de seu Paulo. Ela faleceu no dia 9 janeiro deste ano.

“Ela começou a apresentar sintomas em dezembro e toda a família teve sintomas e fizemos isolamento. Terezinha tinha problema de rinite, sinusite e a doença foi bem mais complexa pro organismo dela. Ela ficou mais quietinha, mais na dela e ela não queria ir ao hospital, quando o filho conseguiu convencê-la de ir, a primeira vez a saturação estava boa e ela voltou pra casa, na segunda vez, ela já foi fraquinha”, detalha.

Segundo Jasi, Terezinha ficou internada no Hospital Santa Mônica, em Vila Velha, em isolamento no dia 4 de janeiro, onde ficou até o dia 9, data em que faleceu. “Ela chegou a ser intubada na emergência mesmo, nem chegou a ir pra UTI e não resistiu. O corpo dela foi sepultado no mesmo dia.  A Silvia, filha dela, não foi ao sepultamento porque já estava de Covid e na segunda-feira (11), começou a sentir dores nas costas ou pulmões e foi procurar atendimento médico no Meridional, em Laranjeiras, foi atendida e internaram ela direto na UTI”, conta Jasi.


“Ela chegou a ser intubada na emergência mesmo, nem chegou a ir pra UTI e não resistiu.


Silvia Roris dos Santos, tinha 44 anos e deixou um filho de 14 anos que hoje mora com o avô, já que o pai trabalha embarcado.

“A Silvia ficou 15 dias internada, no início foi tudo muito bem, recebíamos os boletins médicos, que inclusive já diziam que ela estava curada da Covid, mas ela contraiu uma bactéria neste meio tempo e foi feito de tudo para tentar salvar a vida dela, mas não teve jeito. Ela veio a óbito no dia 23 de janeiro”.

Segundo Jasi, as duas, tanto Terezinha, quanto Silvia, eram pessoas muito queridas e ativas. “Fica a saudade e a esperança de que com a vacina possamos atravessar essa fase difícil que estamos passando”.

Jasi disse ainda que as pessoas precisam ter empatia para evitar que a doença avance ainda mais no Espírito Santo e no Brasil.

“Enquanto essas pessoas que se aglomeram não tiverem um ente querido ou parente que tiver passando pela doença, infelizmente a pessoa não vai aprender. Eles precisam passar para acreditar. Tem muita gente que não acredita ainda que possa contrair a doença, tem pessoas que acham que não pegam e é uma pena que por mais que a pessoa seja assintomática, não tenha os sintomas tão graves ela pode passar para outras e trazer o vírus para dentro de casa. É muito difícil, não dá para entender, porque há tanta aglomeração. Todo mundo está vendo como estão os hospitais, as UTIs lotadas. Infelizmente para algumas pessoas tem que doer mesmo para fazer sentido”, desabafa.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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