A arte que é ofício de quem  ajuda a dar ritmo ao congo  

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Os artesãos Tute e Mestre Domingos fazem casacas, tabores e cuícas para o congo. Fotos: Edson Reis

 

Os artesãos Tute e Mestre Domingos fazem casacas, tabores e cuícas para o congo. Fotos: Edson Reis

Ana Paula Bonelli

O congo foi oficializado como o primeiro patrimônio imaterial do Espírito Santo, sendo uma das manifestações mais marcantes da cultura do capixaba. E tem na Serra um dos seus berços. Prova disso é que na cidade há vários luthiers que fabricam os instrumentos utilizados nas congadas, como o tambor, casaca, cuíca e bumbo. 

Domingos Teixeira Marques, o Mestre Domingos, da banda São Benedito, da Serra-Sede, fabrica a casaca tradicional. Ele também faz bumbo, cuíca ronco de onça e é o responsável pelo mastro do navio Palermo, carregado por fieis durante a Festa de São Benedito.

Morador de Maringá, o artesão mantém o oficio há cerca de 47 anos, tendo herdado a profissão do avô e do pai.  “O congo é um grito de libertação e a casaca é o carro-chefe. Já teve nome de caracaxá, ganzá, reco-reco, reco reggae e ganze. Os negros e os escravos trouxeram a tradição e eu trabalho para manter o mesmo som do instrumento usado por eles naquela época”, conta.

Já Jenesio Jacob Kuster, o Tute, fabrica casacas e tambores há 28 anos. O artesão, que define sua técnica como ‘sustentável’, usa madeira de eucalipto, PVC e epox nas casacas. Para fazer os tambores usa madeira de plantios. “Preservo a cultura e também a natureza. Nosso objetivo é manter o folclore vivo e faço tudo isso com muito amor”, frisa.

 Tute conta com a ajuda da esposa Marinete e da neta Caroline na pintura dos instrumentos. “Tem casaca minha em diversas partes do mundo, uma delas está num museu de Portugal e estamos enviando esta semana uma peça para Inglaterra”, revela orgulhoso.  

Há oito anos, Romildo Pimentel, da Serra sede, se dedica a construir casacas.  O artesão é um dos responsáveis pela manutenção dos instrumentos dos conguistas filiados a Associação das Bandas de Congo da Serra, que possui 10 grupos adultos e 9 mirim.

Outro luthier de instrumentos usados no congo é Expedito Andrade, morador do Residencial Centro da Serra. São vinte anos construindo casaca, tambor, bumbo e cuíca. “Passamos o ofício para os mais jovens, para que elas transmitam para a próxima geração também”, destaca Mestre Expedito, da banda de congo Santo Expedito, da Serra-Sede.

 

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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