A crise institucional na Serra deixou os holofotes públicos, mas segue fluindo pelos bastidores. O flanco de combate agora é em cima do suplente Wanildo Sarnáglia (Avante), que pode ser decisivo na balança interna do plenário. Ele é suplente do vereador Nacib Haddad (PDT). Este foi afastado pela Justiça em uma ação movida pelo Ministério Público, que o acusa de formar cartel de empresas para ganhar licitações. Denúncias que Nacib nega.
Na última sexta-feira (03), o Tribunal de Justiça negou o pedido de liminar para Nacib voltar ao cargo o que afastou a possibilidade de o pedetista retomar a Câmara em curto prazo e faz com que Wanildo ganhe força para assumir a vaga. Nacib é aliadíssimo do presidente da Câmara, Rodrigo Caldeira (Rede), que comanda um movimento de oposição que busca cassar o prefeito Audifax Barcelos (Rede).
Em coletiva no início de abril, Audifax acusou a Câmara Municipal de estar mancomunada com o crime organizado, com o objetivo de derrubá-lo do cargo. Já Caldeira nega as acusações e aponta calúnia do prefeito.
Nas últimas duas semanas, o Legislativo abriu seis comissões para investigar o prefeito a partir de denúncias de um ex-assessor da própria Câmara. Para isso, os oposicionistas precisariam de 2/3 do plenário, o que equivaleria a 16 parlamentares. Sem Nacib, a oposição cai para 15 vereadores e, por conta deste contexto, Wanildo poderia ser um pêndulo para enfraquecer o movimento de oposição ou para fortalecê-lo.
A reportagem falou com Wanildo, e perguntado se a demora em ser convocado seria em decorrência de má vontade política, ele confirmou: “Com certeza, não entendo por que não fui convocado ainda”. No início da semana, a reportagem já tinha falado com o suplente, que cobrou de Caldeira sua posse do cargo: “Se não me chamarem nessa semana, vou entrar com o processo para assumir a vaga. É um direito meu (…) e a obrigação é do Caldeira me convocar; isso se ele tiver interesse, né?”, disparou Wanildo.
Nos bastidores, sabe-se que o grupo de oposição e a base vêm fazendo investidas em Wanildo. Segundo um vereador que pediu anonimato: “Só vão convocar ele (Wanildo) se ele rezar a cartilha da oposição, foi assim com Fabão (suplente da vereadora afastada Neidia Maura)”, disse. A reportagem procurou a Câmara para se posicionar, mas não houve retorno, assim como o prefeito Audifax.