Meio Ambiente

VÍDEO | Felino de médio porte em extinção é visto dentro de condomínio de luxo na Serra

O biólogo Cláudio Santiago, alerta que não se deve tentar contato e nem alimentar o animal. Foto: Divulgação

Moradores de um condomínio de luxo na Serra estão em alerta devido ao aparecimento de um felino de médio porte nas dependências internas do residencial. Um vídeo com data de 31 de maio de 2021, por volta das 10h30, mostra o animal, da espécie Gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) já dentro do condomínio tentando sair pelos palitos de concreto que circundam a área do residencial.

Um comunicado interno feito por um representante da associação de moradores que responde pelo condomínio pede para que os condôminos não circulem desacompanhados e ao menor sinal da presença do animal que seja imediatamente comunicado a administração.

O Gato-mourisco foi confundido com duas espécies de felinos de grande porte: a pantera negra ou suçuarana – suspeita já descartada. O representante diz no vídeo que já alertou as autoridades municipais.

Vale lembrar que o condomínio fica dentro de uma Área de Proteção Ambiental – APA Jacunem, localizado as margens da lagoa que leva o mesmo nome da APA. Recentemente também foram registrados aparecimento de outros animais silvestres como por exemplo capivara e jacaré.

“Sabemos que é o habitat natural dos bichos e eles rodam por ali mesmo. Mas nunca incomodaram nenhum morador e temos que conviver com isso quando queremos a preservação do meio ambiente. Estamos dentro de uma APA, temos que respeitar e deixar os animais conviverem normalmente. Eles aparecem e voltam para a mata. Não gostam de lugares abertos, porque fica fora do habitat natural deles”, disse um morador que não quis se identificar.

O mourisco integra a lista oficial de espécies ameaçadas da fauna brasileira, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ele aparece na lista como animal vulnerável na fauna brasileira.

O biólogo Cláudio Santiago, confirmou que se trata de um gato-mourisco e explicou os hábitos do animal. “Tem coloração de preto, marrom a cinza, areia e marrom avermelhado. Maior atividade ao dia, ao contrário da maioria dos felinos. Preferem caçar no chão, mas são muito habilidosos ao se locomover em árvores; tem hábitos solitários e possui dieta bastante variada, se alimentando de cobras, lagartos, mamíferos de pequeno e médio porte e anfíbios”, conta o biólogo.

O gato-mourisco aparece amplamente distribuído pelas Américas e é encontrado em praticamente todo território nacional. Tem baixas densidades populacionais.

 

O bíologo também alertou que o mourisco não é um gatinho doméstico. “Não interferir, não alimentar, não tentar fazer contato. Não é doméstico, muito pelo contrário. Contemple e não se aproximem. Avisem aos órgãos ambientais responsáveis”.

Ele disse também que a maturidade sexual destes felinos se dá por volta dos dois anos. “Geralmente tem de dois a quatro filhotes em qualquer época do ano. Eles regulam reprodução de acordo com a oferta de alimento. Se tem alimento disponível ele vai reproduzir, vai ter mais filhote que chegarão a idade adulta”.

O mourisco consegue viver bem em ambientes com interferência humana. “Onde tem humano tem rato, gato doméstico e outros animais que eles vão usar como alimento. Mas apesar disso, a perda de habitat, a interferência humana, a destruição dos habitats, é que estão certamente, causando a diminuição destes animais e a previsão é que nos próximos anos, estas motivações façam as populações destes animais e outros declinarem ainda mais”.

Cláudio recordou também que há mais de 10 anos quando foi realizado o plano de manejo daquela região, o mourisco já caminhava por ali.

Vale lembrar que conforme a Lei Federal de Crimes Ambientais nº 9.605/1998, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória é crime ambiental. O infrator está sujeito a pena de detenção de seis meses a um ano e multa.

Encontrei um animal silvestre e agora?

Os moradores que encontrarem animais silvestres devem acionar a equipe de resgate pelos telefones (27) 3291-7435 ou (27) 99951-2321. Importante ressaltar que maltratar animal silvestre é crime.

Os animais machucados são encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), que fica na Área de Proteção Ambiental (Apa) da lagoa Jacuném, em Barcelona. O local pertence ao Ibama.

Serviço:

Fiscalização Ambiental da Serra

Telefone: 27 99951-2321

0800 283 9780

27 3291-7435

 

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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