A “chuva de pó” siderúrgico brilhante que caiu sobre Praia de Carapebus, na semana passada, repercutiu na Câmara da Serra. O vereador Fábio Duarte (PDT) prometeu oficiar nesta sexta-feira (28) o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) para que o órgão informe que medida irá adotar contra a empresa responsável. Praia de Carapebus é bairro vizinho ao complexo de Tubarão (Vale e ArcelorMittal Tubarão), estando mais próximo da Arcelor.
O Iema é responsável pela licença ambiental das duas empresas e também pelo monitoramento da qualidade do ar. E até a última quinta-feira (27), não havia apontado quem é o responsável nem se adotará alguma sanção contra o mesmo. Técnicos do órgão fizeram vistoria no bairro no último dia 18 de junho, em parceria com agentes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma) após denúncias dos moradores.
O vereador disse, ainda, que levará o caso ao Ministério Público Estadual e que pedirá a pesquisadores da Ufes para acompanhar o caso. “Também vou oficiar Vale e Arcelor para que expliquem essa chuva de pó brilhante sobre casas e moradores. É algo muito grave para a saúde das pessoas”, frisa o parlamentar, que na última segunda-feira (23) fez pronunciamento na Câmara sobre a situação.
Fábio também disse que a Arcelor instalou torre de monitoramento do ar em Carapebus, mas ainda não ligou à Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar do Iema por falta de autorização do Governo do Estado.
Entenda o caso
Há décadas, os bairros da Serra no entorno do Complexo de Tubarão sofrem com pó preto, odores e barulhos vindos das siderúrgicas, principalmente nos meses de inverno, quando o vento sul é mais frequente. No entanto, entre a noite do último dia 16 e a madrugada do dia 17 o volume de pó foi bem mais intenso que o habitual. Além disso, a poeira apresentava aspecto mais brilhante.
Vídeos gravados por moradores mostraram que dava para ver o pó caindo, como se fosse chuva, além da sujeira impregnada em calçadas, no solo, sobre carros e no interior das casas.
Órgão não sabe de onde veio a sujeira
A assessoria de imprensa do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) não retornou os questionamentos, que estão sendo feitos desde a semana passada ao órgão. No entanto, a reportagem conversou com técnicos do Instituto na última quarta-feira (26). Eles admitiram a gravidade da situação e disseram que o pó recolhido no último dia 18 está sendo analisado, mas reconheceram a dificuldade de apontar se veio da Arcelor ou Vale.
A Semma diz que está intensificando ações com o Iema na região. A Vale não deu retorno às perguntas do TEMPO NOVO. Já a Arcelor enviou nota dizendo que fará investimento de R$ 1 bilhão em ações de curto, médio e longo prazos para reduzir a poluição. Para isso, firmou Termo de Compromisso Ambiental (TCA) junto aos Ministérios Públicos Estadual e Federal. Afirmou, ainda, que intensifica seus controles para reduzir ao máximo as emissões de pó da sua planta.