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Stand up de índio para vender ervas e garrafadas em Laranjeiras

Naci e Kainã rodam o país inteiro vendendo ervas medicinais da cultura indígena interagindo com o público e fazendo piadas. Foto: Fábio Barcelos

Por Ana Clara Caldeira

Há pouco mais de três semanas, quem passa pela praça em frente ao Correios em Laranjeiras se depara com uma cena inusitada: uma barraquinha de índios vendendo plantas e raízes usadas para o tratamento de doenças. E sempre com muitos curiosos em volta.

O que mais chama a atenção ali não são as plantas nem o visual dos indígenas. Mas os discursos feitos por Naci Mauá, um índio Pataxó da Bahia que, além de explicar as propriedades e função de cada remédio, tem muito senso de humor e abusa de descontração e interação com o público. “Ei, a senhora é casada? Então leva essa garrafada pro seu marido não ter que pular a cerca”, soltou Naci a uma das mulheres na ‘plateia’.

Cíntia Carneiro, 42, passa pelo local todos os dias e sempre dá uma paradinha para ouvir o Pataxó. “Parece um daqueles shows de comédia stand up. O rapaz faz as pessoas sentirem vontade de participar. Mas ainda não tive coragem de comprar. Não sei se funciona mesmo”, brinca.

Já Rafaela Faé, 37, comprou duas vezes a garrafada preparada por Naci e seus parceiros e aprovou.  É uma alternativa mais barata do que remédio de farmácia”, compara. Apesar do locutor ser o Pataxó Naci, o comércio é dos irmãos Kainã e Kadwel, índios Terena do Mato Grosso do Sul, que viajam pelo Brasil desde a infância vendendo plantas e raízes, seguindo os passos de seus ancestrais.

A porção de qualquer planta é vendida num saquinho de papel por R$ 10, mas o que mais sai é a “garrafada” – o medicamento preparado na hora em uma garrafa de 2 litros de água mineral, que pode ser cheia mais duas vezes quando o líquido acaba – que sai a R$ 30.

“Aqui a maior procura foi por uma solução para gastrite – nesse caso, é recomendado o boldo do chile. Muitos também procuram por algo que controle a diabetes, como a calunga ou a pata de vaca”, disse Kainã. “Basta dizer qual o problema que nós recomendamos a melhor fórmula”, garante.

Quem tem interesse em experimentar os tratamentos deve correr: os índios estão deixando o município nesta sexta-feira (10), pois o alvará dado pela prefeitura só permite que eles fiquem na cidade por 30 dias.

 

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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