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Situação perto do limite

Bruno Lyra 

Assim como outros lugares do país, a Serra está sentindo com força a greve dos caminhoneiros contra o aumento sucessivo dos combustíveis. Na tarde de ontem, (24) filas imensas se formavam nos postos de gasolina, alguns desses estabelecimentos já estavam sem o produto.

É uma situação que se aproxima do limite. O país anda sobre rodas e a suspensão de transporte de cargas vai gerando efeito cascata com potencial para provocar convulsão social, tal como a vivida pelos capixabas durante a paralisação da PM em fevereiro do ano passado.

Por exemplo, sem combustível não rodam viaturas da PM. A Polícia Civil não faz perícias, ações de busca e apreensão, recolhimento de corpos. A Serra tem o presídio do Queimado. Sem transporte, comida não chega lá, agentes penitenciários não trocam de turno, detentos não podem ir às audiências. Aumenta o risco de rebeliões.

Com a aproximação do fim de semana, onde o estado normalmente já dá respostas mais lentas, a precarização da segurança pode assanhar saqueadores, bandidos de ocasião e os costumazes. Ainda mais na cidade que lidera os índices de violência no ES há décadas. Tudo potencializado com o risco iminente de desabastecimento de alimentos nos comércios.

Há perigo de morte nos hospitais com a dificuldade em chegar insumos. O transporte público, a coleta de lixo, ambulâncias, serviços tão essenciais quanto à segurança pública, podem parar. Trabalhadores e matérias primas têm risco de não chegar às indústrias. Comércio e serviços também engessam. Mais um problema num país em crise e num estado especialmente sofrido com turbulências econômicas locais – paralisação da Samarco, sobretaxação do aço nos EUA, perda de royalties e fim do Fundap.

Outro ingrediente explosivo no contexto dessa greve é a situação política do país, que vai encarar uma eleição imprevisível em outubro e está mergulhado num cenário de extrema polarização, como movimentos radicais ganhando corpo em todas as matizes do espectro ideológico.

Justa ou não, a greve dos caminhoneiros expõe a fragilidade de um país que optou pelo sistema rodoviário, na contramão de outras nações de grande território que diversificaram seu modal. E também escancara a insatisfação com as lideranças políticas e membros de outros poderes constituídos da república.  Um prato cheio para ascensão de arautos alucinados defensores de soluções mágicas e autoritárias.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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