A ‘chuva’ de pó preto e brilhante em Carapebus tem responsável identificado. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente da Serra (Semma) a poluição vem da ArcelorMittal Tubarão, cuja planta de fabricação de aço é vizinha à região e, junto com a Vale, forma o Complexo Industrial de Tubarão. Por conta do problema, a ArcelorMittal foi multada em R$ 9 milhões pela Semma.
A multa foi emitida ontem (12). E foi resultado de vistorias feitas pela Semma e também pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) às casas de moradores, ruas do bairro e às instalações industriais em Tubarão, tanto na ArcelorMittal quanto na Vale. As vistorias aconteceram após a ‘chuva’ de pó preto e brilhante que atingiu intensamente a comunidade na noite entre os últimos dias 16 e 17 de junho –, e que foi noticiado com exclusividade por Tempo Novo na ocasião.
De acordo com o moradores, mesmo após aquela madrugada, quando a poluição foi tão extrema a ponto de sua precipitação ser visível, o pó seguiu – e segue – caindo sobre as casas. O problema existe desde que o complexo siderúrgico passou a operar em Tubarão na década de 1970 e se agravou com a construção da CST (hoje ArcelorMittal) nos anos 1980.
Segundo nota divulgada pela Prefeitura da Serra, foi constatado que a poeira que cai sobre a comunidade contém minério de ferro e carvão mineral. E também carepa, rejeito da fabricação de aço e considerado material perigoso. A três substâncias existem na Área da ArcelorMittal Tubarão, onde foram encontradas falhas no controle da poeira.
Em declaração publicada junto com a nota, a secretária interina de Meio Ambiente da Serra, Laís Garcia, disse que a situação está prejudicando a saúde dos moradores da região, com aumento de incidência de doenças respiratórias. Quem reside na comunidade diz que também aumentou os gastos com limpeza.
É bom lembrar que a Vale fornece o minério de ferro à ArcelorMittal e também opera a logística portuária do desembarque do minério de carvão – insumo importado de outros países – usado pela siderúrgica para a fabricação do aço.
Responsável pelo monitoramento da qualidade do ar da Grande Vitória e também pelas licenças ambientais de ArcelorMittal e Vale, o Iema ainda não se posicionou sobre o caso. Na última quarta-feira (10), o presidente do Instituto, Alaimar Fiuza, havia prometido que o órgão divulgaria relatório sobre responsabilidades e punições a respeito do caso.
A declaração de Alaimar foi no evento de apresentação do novo Inventário de Fontes de Emissões Atmosféricas da Grande Vitória , referente a dados coletados em 2015. O Inventário recebeu críticas por não considerar o pó siderúrgico que se precipita sobre as vias e é ressuspenso com o tráfego de veículos na Grande Vitória, como contribuição das empresas de Tubarão para a poluição do ar.
A empresa
Em nota divulgada na manhã deste sábado (13), a assessoria de imprensa da ArcelorMittal Tubarão informa que o auto de multa foi entregue pela Prefeitura Municipal de Serra ontem (12), às 20h50, sem o parecer técnico. Só após conhecer o relatório técnico que embasa o auto de multa a siderúrgica poderá dar mais esclarecimentos.
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