Bruno Lyra
Não tem lugar mais adequado no Espírito Santo do que a Serra para saber se o recém-criado Ministério da Segurança Pública vai funcionar para valer.
Desde a explosão populacional com a implantação da siderurgia em Tubarão e indústrias satélites nos anos 1980, a violência virou chaga crescente. Até ao ponto da Serra liderar as estatísticas de homicídios no Estado, chegando ao cúmulo de, em 2004, ser apontada como a cidade mais violenta do mundo.
Nos últimos anos os homicídios até tiveram uma ligeira redução, mas essa queda foi menor na Serra do que Vila Velha, Cariacica e Vitória,
Outro balneário famoso, Jacaraípe, viu o declínio do turismo com a escalada de violência. Processo semelhante agora assola Manguinhos, uma pérola do litoral capixaba. Aliás, por ser a mais industrializada e locomotiva da economia capixaba, a Serra recebe diariamente trabalhadores de outras cidades. Não é exagero dizer que parte da classe média que aqui trabalha, não se arrisca a mudar para a cidade por medo da violência. Prefere enfrentar todo dia o trânsito.
E os grandes bolsões de violência da Serra, lugares onde a população fica acuada na guerra entre criminosos e a polícia? Na semana passada, por exemplo, Central Carapina se viu sitiada no meio de tiroteios. Situação que volta e meia eclode na grande Feu Rosa, na região de Jacaraípe, nos bairros carentes do entorno da Serra-Sede, até nas bordas de Nova Almeida.
Foi na Serra, em Feu Rosa, que começou o aquartelamento da PM, em fevereiro de 2017, mergulhando o estado na mais grave crise de segurança de sua história. Desde então, os assassinatos voltaram a crescer e aqui e em quase todo o ES. A cidade tem uma BR. Uma ferrovia. Portos. É rota do tráfico internacional de drogas.
A intervenção no Rio está gerando, por parte do Estado, uma preocupação especial com a Serra. Se dentro de alguns meses nada mudar na segurança da cidade, os críticos do Ministério da Segurança Pública terão razão: é balela!