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Sem saber para onde ir

O município viu parar de crescer a receita que vinha tendo saltos significativos ano a ano, enquanto a despesa seguiu crescendo.

Eci Scardini

Desde o momento em que foi deflagrada a crise financeira internacional, em 2008, e dos primeiros sinais do declínio econômico do país nos anos subsequentes, a Serra está sem rumo, sem saber para que lado caminhar. Nos primeiros anos da crise no Brasil, que ainda era só econômica, não tinha ainda deflagrado o terremoto político.

 Até então, só estava ficando perceptível a redução da atividade econômica em alguns setores: importação, exportação, início da retração da construção civil, menos consumo mundial de aço, entre outros setores.

Mas como o país vinha embalado por um crescimento extraordinário, no geral, a nova realidade não foi sentida de imediato pela população. O município, que na época era administrado por Sérgio Vidigal (PDT), viu parar de crescer a receita que vinha tendo saltos significativos ano a ano.

O peso da crise no poder público foi sentido gradativamente: obras sendo tocadas a passos de tartaruga, enquanto outras foram literalmente sendo paralisadas, aumento da dívida municipal, desorganização administrativa e por aí a fora.

Saiu Vidigal no final de 2012 e entrou Audifax no início de 2013 e o cenário foi só piorando, piorando, piorando…

A receita não reagiu, tanto que a arrecadação municipal de 2016, de cerca de R$ 1,1 bilhão, se equipara à de 2008, porém, com uma população de praticamente 100 mil moradores a mais, equivalentes a uma Viana. Sem contar a desvalorização provocada pela inflação.

 Na outra ponta, a despesa não parou de crescer. A expansão da malha urbana exige novos investimentos em serviços prestados a população. Pessoal, saúde e educação compõem o carro chefe das despesas, e todos os três têm leis protecionistas. Há leis que não permitem a perda salarial e a Constituição Federal garante percentual mínimo de aplicação em saúde e educação.

A expansão demográfica pressiona por mais escolas, mais creches, mais unidades de saúde, por regularização fundiária, habitação popular, políticas de segurança, limpeza urbana. A imigração de pessoas que estão na linha da pobreza leva a uma ocupação irregular do solo, que exige do município investimentos em assistência social, expande áreas sem cobertura de saneamento básico, sem iluminação pública, sem sistema viário adequado, além de aumentar a degradação ambiental.

Ou muda ou o colapso virá

Com o advento da crise política nacional, no segundo semestre de 2014, a situação só piorou. União, estados e municípios estão engessados, só apagando fogo e como diz o ditado popular: vendendo almoço para comprar a janta.

No caso específico da Serra, Vidigal e Audifax surfaram na onda do crescimento do país, dos anos de 1997 a 2009. Foram dois mandatos do primeiro e um do segundo, onde se fez vista grossa para muitos fatores importantes. Não foram (como ainda não é Audifax) implacáveis com a ocupação irregular, não foram arrojados na aplicação de políticas de atração de novos investimentos privados e, principalmente Audifax, deixou escorrer por entre os dedos, empresas importantes sediadas na Serra.

O poder público local deu muita ênfase ao mercado imobiliário e o setor produtivo ficou entregue à própria sorte. Enquanto isso, os vizinhos se articularam e passaram a competir fortemente com a Serra a atração de importantes plantas industriais e logísticas, principalmente o norte do Estado, que conta com significativos benefícios fiscais, tributários e de crédito propiciados pela Sudene.

Perdemos a Ambev, Petrobras, Escelsa entre outras menores. Deixamos de ter o centro de distribuição da BMW no Brasil, indústria de cosmético e algumas mais. E estamos à beira de perder outras empresas aqui instaladas.

Se não houver um olhar mais aguçado, uma política mais arrojada, mais criatividade, mais informações e uma dedicação pessoal do prefeito, a Serra entrará em colapso em pouco tempo. O que vai ficar na memória do povo dessa cidade, não são as boas lembranças da 1ª gestão e sim as más lembranças das últimas.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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