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Sedução e risco da Serra

Por Yuri Scardini

Com a ausência do prefeito Audifax Barcelos (Rede) que não pode se reeleger somados ao misto de enfraquecimento político e chance de inelegibilidade do deputado Sérgio Vidigal (PDT), a eleição na Serra em 2020 pode ser a mais aberta entre as principais cidades do Estado.

Multiplicando esses fatos políticos com as características sociológicas que forjaram a Serra urbana de hoje, com migrações em massa acarretando em grandes bolsões de pobreza e falta de identidade com o município e sentimento de pertença, forças políticas externas olham para a Serra com lupa nos olhos, babador no pescoço e a boca cheia d’água.

Não é para menos, vitrine política de 500 mil habitantes, 1.000 cargos comissionados e orçamento bilionário são dois motivos que encantam os sedentos por poder. Apesar de haver sim, um cansaço da população com a dobradinha Vidigal e Audifax que já dura mais de duas décadas, há de se fazer justiça. Ambos estarão na estante dos prefeitos históricos da Serra.

São duas figuras progressistas, que conduziram o desenvolvimento econômico na cidade e alavancaram o município à condição de locomotiva econômica e ao mesmo tempo investiram no social e na estruturação dos bairros com unidades de saúde e educacional, só para citar. Mesmo que sejam adversários, provém de um mesmo ideal. E essa onda de renovação não pode varrer o passado e o legado de cada um.

O eleitor quer mudanças, é justo. Mas mudanças pelo simples fato de mudar pode ser uma solução desastrosa com doses cavalares de irresponsabilidade. Na ausência de Vidigal e Audifax, políticos que nem sequer moram na Serra, e que não têm absolutamente nenhum vínculo com a cidade podem tomar pra si uma prefeitura responsável por meio milhão de pessoas. O exemplo mais contemporâneo é o apresentador e deputado federal eleito Amaro Neto (PRB), mas até 2020 vai aparecer mais gente com tais intenções.

A Serra é um dos lugares mais antigos do Brasil, mas enquanto fenômeno urbano é jovem. A cidade precisar continuar com líderes que entendam os processos históricos que nos permitiram chegar até aqui, a essência de quem somos, do nosso ethos como um povo pertencente a um coletivo. A evolução é de dentro pra fora. Tanto Audifax e Vidigal representam isso, e agora se inaugura um novo ciclo que precisa estar de portas fechadas ao neopopulismo demagógico.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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