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Secretário prevê Encolhimento da Vale e necessidade do ES diversificar economia

Lorenzoni diz que para a região Norte crescer é necessário um porto ou aeroporto. Foto: Joatan Alves

Eci Scardini

Economista, de origem no Bandes, em gerências e diretorias, Luiz Fernando Lorenzoni ocupou também diretorias no Banestes; foi secretário de Desenvolvimento Econômico em São Mateus, e hoje é secretário em Linhares. Visto como um vetor de desenvolvimento no norte do ES, nesta entrevista Lorenzoni comenta a vinda de empresas com Marcopolo, Gam e Oxford e faz um alerta: – o ES tem que dinamizar sua economia em vista de um possível desinvestimento da Vale. Lorenzoni chama a atenção ainda para a falta de engajamento de municípios na atração de investimentos.

Secretário, quais são as bases da economia do ES?

A mineração, formado pela Vale e Samarco, que está paralisada em virtude daquele problema. Temos a ArcelorMittal, com aço e laminação a quente que serve parte da indústria nacional. Estamos discutindo para que essas indústrias possam vir para o ES. Temos também a celulose com a Fibria. Na questão logística, estamos estrategicamente localizados. Num raio de mil km do ES temos de 60 a 70% do PIB nacional. Isso facilita acesso ao consumidor final. Temos ambiente para receber cargas, armazenar e distribuir. O Estado é maior exportador de rochas ornamentais do país. Além disso, o setor metalmecânico vem crescendo e na cadeia de petróleo e gás somos o segundo maior produtor do país. No café somos grandes produtores, entre outros.

É possível mais dinamismo no que já temos?

Sim. Por exemplo, precisamos aproveitar melhor o potencial de gás. Temos muitos produtos derivados do gás como insumo de diversos setores de produção. Isso ajudaria a tornar vários tipos de indústrias mais competitivas. Como o setor metalomecânica, que cresceu em cima da mineração, siderurgia e celulose; e agora pode expandir para essa cadeia de petróleo e gás.

Os investimentos da Vale na extração mineral no Pará e exportação pelo Maranhão pode gerar desinvestimento na planta capixaba?

 À medida que for se exaurindo o minério da região de Minas vejo a possibilidade de transferências de atividades para o Para e o Maranhão. Na planta capixaba cabe uma base de exportação de grãos, um porto de cargas gerais. O ES deve fazer um trabalho forte de diversificação da economia do para os próximos anos, é o que a gente vem fazendo. Essa possibilidade da Vale transferir parte das suas atividades para o Maranhão, daqui a 10 a 20 anos, existe. E o ES precisa se preparar.  

Há desigualdade de investimentos entre o Norte e o Sul do ES por conta da Sudene?

O norte do Estado hoje está disputando com o Nordeste brasileiro. A primeira coisa é trazer empreendimentos para o ES. Mas não são todas as empresas que podem ter o beneficio da Sudene, tem que ser lucro real e muitos setores não são. Tem ainda empresas, por exemplo, que tem foco na distribuição, e não é o lógico se instalar no Norte. Tivemos um caso recente da GAM Medicamentos, que trouxemos para o ES. Porém, ela não “coube” no norte. O local estratégico foi a Grande Vitória.

O que fazer para competir com outros Estados?

Ninguém vem fazer um investimento de R$ 200, 300 milhões do nada. Essas empresas contratam consultorias, e após 3 ou 4 anos eles fazem a opção pelo local. Você não consegue entrar só no final do processo. Tem que estar acompanhando, ter informação qualificada, relacionamento, conhecimento profundo e credibilidade senão nem te chamam para discutir. 

Como foi a vinda da empresa Marcopolo para o ES?

Começamos a atrair a Marcopolo em 2009. Estive diversas vezes com a diretoria e acompanhamos todos os estudos, concorrendo com outros estados, e tivemos êxito, implantamos em São Mateus. Outro caso foi a Oxford que é a maior planta das Américas de porcelana de mesa. Tinha um ambiente pouco favorável no ES, e ela já estava optando pela Paraíba. Fizemos um trabalho grande, adequamos várias coisas, como a oferta de gás. E atraímos a Oxford.

A região norte vai seguir crescendo?

No norte, posso dizer que 80% do caminho está andado. Mas falta um porto e/ou um aeroporto. Aí fecha o ciclo. Vamos ter a nossa matriz energética resolvida para ser competitivo internacionalmente. Em 2018 a Marcopolo vai duplicar suas atividades. Já é a maior fabricante de carrocerias de ônibus do mundo. Vai chegar entre 3 e 4,5 mil empregos diretos. Vai trazer novas atividades, como a fabricação de ônibus urbano. Até agora a empresa investiu R$ 200 a 250 milhões. Aqui é a maior planta mundial da empresa que está em oito países como China e EUA. Sem contar a imensidão de peças que ela precisa, criando uma cadeia muito grande na região.

Há espaço para novas indústrias de base no ES?

Não queremos mais qualquer tipo de empresa, como poluidoras. Queremos as que tragam conhecimento, oportunidades e conhecimento. Temos feito isso em Linhares. Existem exceções, mas você chega a alguns municípios e pergunta quem é o secretário de Desenvolvimento Econômico; às vezes é um secretário que acumulou o cargo. A gente não vê o foco. É preciso separar política da politicagem e isso temos feito.

 

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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