Com mandato focado no fomento do empreendedorismo, o deputado Alexandre Xambinho (PL) questiona a efetividade do Governo do Estado em controlar a crise do coronavírus no ES: “falar em lockdown nestas alturas do campeonato é a prova de que algo deu muito errado”.
Além disso, o parlamentar cobra do Governo a construção de hospitais de campanha para evitar a falta de leitos no estado. Sobre seus projetos para mitigar os efeitos da pandemia, ele destaca o ‘Juros Zero’, que criou linhas de créditos no valor de R$ 5 mil sem a incidência de juros – como o nome sugere, para empreendedores fortalecerem seu capital de giro.
Na política Xambinho é objetivo: será candidato a Prefeitura da Serra e promete surpreender.
1- Como avalia a condução das ações por parte do Governo ES diante da pandemia do novo coronavírus?
Há questões incompreensíveis na estratégia do Governo. Causa muita estranheza notar que, três meses após os primeiros casos de COVID-19 no Espírito Santo, a curva de transmissão da doença continua crescendo e a ocupação dos leitos de UTI caminha para o colapso. Se o argumento para um possível lockdown é a sobrecarga dos leitos de UTI, o mais coerente seria a criação imediata do Hospital de Campanha. O Governo tem opções bastante viáveis, que podem ser encaminhadas com ética e responsabilidade no trato do dinheiro público.
“Não faz sentido falar em lockdown por falta de leitos, antes que outras saídas estratégicas tenham sido encaminhadas”
1.1 – Quais seriam essa opção?
Por exemplo, eu indiquei que o Hospital de Campanha seja construído no Pavilhão de Carapina, um local com a maior parte da estrutura aproveitável, de logística integrada aos demais municípios da Grande Vitória e próximo de importantes hospitais públicos e privados. Além disso, sabemos que a PMS propôs uma parceria para a imediata inauguração do Hospital Materno e Infantil da Serra, que funcionaria provisoriamente no atendimento emergencial das vítimas da COVID-19. Portanto, não faz sentido falar em lockdown por falta de leitos, antes que outras saídas estratégicas tenham sido encaminhadas. Isso pode colocar a perder todo o esforço conjunto para salvar vidas, evitar falências e garantir os empregos dos trabalhadores.
2- Quais foram os principais erros e acertos do Governo de Casagrande na sua avaliação?
O argumento para decretar o fechamento do comércio no mês de março, sem nenhum debate prévio com os setores produtivos, foi que a Secretaria de Saúde precisava de tempo para contratar pessoal, adquirir equipamentos e montar leitos de UTI. Falar em lockdown nestas alturas do campeonato é a prova de que algo deu muito errado! Eu tenho feito sucessivas cobranças para que se resolvam as falhas na integração entre a Secretaria de Estado da Saúde e os munícipios visando garantir medidas como: barreiras sanitárias, testagem em massa da população, agilidade na liberação dos resultados e o fim das filas no atendimento dos cidadãos com qualquer enfermidade, não apenas a COVID-19.
Sobre fechamento do comércio: “é absolutamente inaceitável que o empreendedorismo capixaba assuma um prejuízo tão alto e a curva de contágio não tenha sido controlada”.
2.2 – E na área econômica, especialmente a respeito das micro em pequenas empresas, que têm tido foco no seu mandato?
Na área econômica, até que foram tomadas medidas importantes de socorro ao empreendedorismo, como a implantação do “Juro Zero”, um Projeto de Lei de minha autoria. É verdade que houve uma burocracia inicial na aprovação do crédito, mas isso já está sendo resolvido com a intermediação que tenho feito junto às instituições responsáveis: Aderes, Bandes e Banestes.
3- Qual sua opinião em torno da política de distanciamento social e fechamento de estabelecimentos comerciais, que é de responsabilidade dos estados?
Eu sou a favor das medidas de combate ao coronavírus que tenham amparo sólido na comunidade científica internacional. A Covid-19 é uma doença inédita e traiçoeira, transmitida em alta escala através do simples convívio social. Por isso, quem pode deve ficar em casa.
Mas é absolutamente inaceitável que o empreendedorismo capixaba assuma um prejuízo tão alto e a curva de contágio não tenha sido controlada. Se houve erro de cálculo e de gestão, os culpados não são os comerciantes, que geram milhares de empregos e fazem a economia funcionar dentro dos nossos bairros. Eu intermediei reuniões entre os lojistas de varejo e o Governo do Estado, defendendo a reabertura gradual e segura do comércio. O melhor caminho é investir em barreiras sanitárias e na conscientização e fiscalização quanto aos protocolos de segurança.
“Minha principal vitória foi a implantação do Juro Zero, um empréstimo de R$ 5 mil para microempreendedores”
4- Acredita que em algum momento o Brasil poderá se tornar epicentro mundial do coronavírus?
É possível que sim. Até porque, a pandemia chegou por último na América do Sul. Como somos o país mais populoso do continente, e verificamos o contínuo crescimento da curva de contágio, a tendência é que se cumpra a previsão e tenhamos o maior número absoluto de casos da doença em algum momento. Mas a pergunta que devemos fazer é outra: Por que um Estado que adotou o fechamento radical do comércio enfrenta, três meses depois, o aumento do número de casos da Covid-19? Tudo indica que tem ocorrido graves erros de estratégia no combate ao coronavírus. A teoria do achatamento da curva não funcionou.
5- Quais suas principais propostas como parlamentar para mitigar os impactos da pandemia na sociedade? Algumas delas foram aprovadas?
Minha principal vitória foi a implantação do Juro Zero, um empréstimo de R$ 5 mil para microempreendedores. Eu protocolei esse Projeto de Lei antes da pandemia, em janeiro de 2020. Logo no início da crise, o Governo abraçou a ideia para garantir capital de giro aos pequenos negócios. Também foi aprovada uma Lei de minha autoria impedindo a emissão de certidões negativas durante a crise do coronavírus. Além disso, eu criei a Frente Parlamentar de Proteção e Recuperação Econômica e Social do Empreendedorismo Capixaba. Através dela, tenho trabalhado incansavelmente para socorrer empresas, evitar falências e garantir empregos em nossas comunidades.
5.1 – E na área da saúde?
Fiz uma indicação formal ao governador Renato Casagrande, solicitando a construção do Hospital de Campanha no Pavilhão de Carapina, aqui no município da Serra. Destaco, ainda, que foi minha a emenda para garantir a manutenção e o custeio do Hospital Materno e Infantil da Serra, que precisa ser inaugurado o quanto antes para desafogar o atendimento nas demais unidades hospitalares do Estado.
Sobre Prefeitura da Serra: “ouço reclamações de sobrecarga dos profissionais da saúde, falta de testes em pessoas com sintomas de Covid-19 e a demora no atendimento dos pacientes com outras doenças”
6 – Estamos chegando próximo da lotação de UTI’s, quais soluções possíveis? É a favor ou contra o chamado Lockdown?
Sou levado a repetir: não faz o menor sentido essa ameaça iminente de colapso dos leitos de UTI. Ora, não foi para evitar esse cenário trágico que fomos obrigados a enfrentar dois longos e dolorosos meses de paralisação da economia capixaba? O Lockdown é uma medida extrema que precisa ser evitado, pois agravaria o já conturbado dia-a-dia dos cidadãos, aumentaria o drama dos comerciantes e deixaria na berlinda o conjunto da economia capixaba.
Por isso, deve ser alvo de um debate que pondere todas as consequências, evolvendo os representantes da indústria e do comércio, juntamente com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Sobre ser candidato a prefeito: “é uma decisão bastante amadurecida no meu grupo, sob a liderança do ex-senador Magno Malta”
7 – Como avalia as ações de responsabilidade da Prefeitura da Serra em torno da Pandemia?
Pela lógica federativa brasileira, o papel principal das prefeituras no combate ao coronavírus tem sido a execução das políticas públicas encaminhadas pelos Governos Estadual e Federal. Se há uma falha de gestão na Secretaria de Estado da Saúde, por exemplo, é natural que o erro reflita nas UPA’s da cidade. Que também estão integradas ao Ministério da Saúde, através do SUS. As principais reclamações que ouço são a sobrecarga dos profissionais da área médica, a falta de testes em pessoas com sintomas de Covid-19 e a demora no atendimento dos pacientes com outras doenças.
8 – Você vem se colocando como pré candidato a prefeito da Serra, está confirmado nas urnas esse ano?
Essa pré-candidatura é uma decisão bastante amadurecida no meu grupo, sob a liderança do ex-senador Magno Malta, presidente estadual do PL. O próximo passo será abrir um debate mais amplo com as forças políticas e os principais atores da sociedade civil do município. Meu objetivo é consolidar um projeto coletivo para a cidade. Deixei para fazer isso no início do segundo semestre. A partir de julho, vamos avançar na construção do Programa de Governo e nas articulações políticas para entrar com força no debate eleitoral, que também ajudará na superação da crise que estamos atravessando. A minha vida é marcada por desafios, e agora não vai ser diferente: eu serei a surpresa da sucessão municipal de 2020!
9- Como vê possíveis candidaturas de fora da Serra? E resumidamente, quais projetos, tanto político como de gestão é possível apresentar para a cidade?
Meu projeto para a Serra aponta centralmente em duas perspectivas convergentes:
(a) O balizamento do Governo Municipal num modelo de gestão que invista pesado em tudo que existe de mais moderno e inovador sobre políticas públicas de áreas como: saúde, segurança, educação e mobilidade urbana; girando em torno do eixo cidade renovada.
9.1 – E qual seria o outro?
(b) Um modelo de desenvolvimento que fomente e valorize a base da economia local: os lojistas, a rede hoteleira, as pequenas indústrias, os escritórios de serviços e os Microempreendedores Individuais; girando em torno do eixo cidade empreendedora. Sobre os demais concorrentes, vejo um quadro indefinido. Algumas pré-candidaturas vão ser retiradas por serem apenas balões de ensaio ou moedas de troca das direções estaduais em acordos que envolvem outros municípios da Grande Vitória.
