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Risco da economia centralizada

Bruno Lyra 

A confirmação de que o presidente Donald Trump manterá a sobretaxação do aço em 25% para exportação aos Estados Unidos é um exemplo do quanto à economia capixaba e da Serra é vulnerável. Baseada na mineração, pelotização de minério e fabricação de aço no complexo industrial Tubarão e nas empresas satélites que formaram os polos industriais que vieram para o município e o fizeram ter uma explosão urbana/populacional a partir do final da década de 1970. Esse modelo de economia fica sujeito a turbulências por conta da conjuntura, como parece ser o caso da taxação do Trump.

O estado e a Serra já sentiram com muita força a paralisação de outra gigante do setor, a Samarco (Vale + BHP Billiton), por conta do desastre/crime ambiental de Mariana – MG. Mesmo estando a cerca de 100 km da Serra, no município estão instaladas várias prestadoras de serviço e fornecedoras da mineradora. Cálculo da Federação das Indústrias do ES (Findes) aponta para a perda de cerca de mil postos de trabalho na Serra no caso da Samarco. Mais de R$ 300 milhões anuais em negócios deixaram de ser gerados.

E tem ainda uma ameaça ao setor mineral siderúrgico que pode ser ainda mais grave: a mudança estrutural da economia. A Vale, mãe de todo esse complexo que viabiliza a produção de uma comoditie brasileira, dá sinais de redução de investimento na região Sudeste e maior foco em Carajás, onde há menos gente, pressões sociais e um minério, segundo a empresa, de melhor qualidade, onde adota tecnologias mais avançadas de extração, que inclusive dispensam as perigosas barragens de rejeitos.

O próprio rompimento da barragem de Mariana pode ser um sinal da precarização dessa gestão no Sudeste. Um problema, já que há outras centenas de barragens da mineração, muitas delas vertendo para a bacia do rio Doce, que num cenário de mudança de prioridades da mineradora. É preocupante para capixabas e mineiros imaginar o que pode acontecer nessas barragens com gradual mudança de prioridades da Vale e de outras coirmãs.

E ainda há de se considerar a tendência e pressões internacionais crescentes para que haja mais reciclagem de ferro e aço versus o uso de matérias primas virgens.  Equação que deságua em ameaças à economia, ao meio ambiente e a saúde pública dos capixabas. Enquanto o Espírito Santo e a Serra, sua locomotiva econômica, não conseguirem diversificar as atividades produtivas e reduzir a dependência à Vale e seus agregados, estarão sujeitos a sérias turbulências.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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